"O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, manifesta o seu firme apoio às decisões da CEDEAO sobre a alteração anticonstitucional no Níger", afirma, numa declaração divulgada hoje.
Moussa Faki Mahamat manifestou ainda a sua "profunda preocupação" com a "deterioração das condições de detenção" do Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, qualificando de "inaceitável" o tratamento que lhe foi reservado pelas autoridades militares que o derrubaram, desde 26 de julho.
De acordo com a ONG Human Rights Watch, que falou com Mohamed Bazoum, este descreveu o tratamento da sua família como "desumano e cruel", dizendo que não tem eletricidade desde 02 de agosto e que não tem contacto humano há uma semana.
"Este tipo de tratamento de um Presidente democraticamente eleito através de um processo eleitoral regular é inadmissível", denunciou Moussa Faki Mahamat, apelando "a toda a comunidade internacional para que congregue todos os seus esforços para salvar a vida e a integridade moral e física do Presidente Mohamed Bazoum".
No dia seguinte à cimeira da CEDEAO, o líder da UA apelou "às autoridades militares para que ponham urgentemente termo à escalada com a organização regional, ao desafio para com ela e à continuação do sequestro do Presidente em condições que se estão a deteriorar de forma preocupante".
Na quinta-feira, a CEDEAO ordenou o envio de uma "força de reserva" para restabelecer a ordem constitucional no Níger, composta por tropas da Costa do Marfim, da Nigéria e do Benim.
No entanto, o bloco da África Ocidental não excluiu as vias diplomáticas para reintegrar Bazoum.
O presidente nigeriano, Bola Tinubu, que detém a presidência rotativa da CEDEAO, disse na quinta-feira que esperava "chegar a uma resolução pacífica", acrescentando que o uso da força como "último recurso" não podia ser excluído.
O Níger está sob um regime militar que emergiu depois de um golpe de Estado e apresentou os membros do Governo saído desta ação militar pouco antes do início da cimeira.
O executivo é liderado por Ali Mahaman Lamine Zeine e é composto por 20 ministros e o anúncio foi utilizado para demonstrar a transição do poder naquele país africano, mas pode ser encarado como um sinal de desafio à CEDEAO.
[Notícia atualizada às 13h36]
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