Numa entrevista ao meio de comunicação alemão Deutsche Welle, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP), Zeine afirmou: "Acreditamos que, mesmo que se trate de um desafio injusto que nos foi imposto, devemos ser capazes de o ultrapassar, e vamos ultrapassá-lo".
Zeine, um economista de formação que foi ministro das Finanças no início dos anos 2000, foi nomeado há uma semana pelos líderes do golpe de Estado que derrubaram o presidente eleito, Mohamed Bazoum, a 26 de julho, e referia-se às medidas tomadas pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Na entrevista à Deutsche Welle, descreveu como positiva a visita a Niamey, este fim de semana, de uma delegação de clérigos nigerianos: "Isto tranquiliza-nos porque eles são os porta-vozes de uma certa visão da sociedade nigeriana", afirmou.
Para Ali Mahaman Lamine Zeine, a Nigéria e a CEDEAO são parceiros importantes: "Temos um grande interesse em preservar esta relação importante e histórica e em assegurar que a CEDEAO trabalhe sobretudo em questões puramente económicas".
Mas também adverte: "Acharmos que o princípio político e militar tem precedência sobre esta solidariedade económica seria muito lamentável", sublinha na entrevista.
As sanções impostas pela CEDEAO incluem a suspensão das transações financeiras com o Níger e o congelamento de todas as transações de serviços, incluindo o comércio de energia, o que levou a cortes de eletricidade no país.
A CEDEAO, ao mesmo tempo que privilegia a via do diálogo, também deu luz verde a uma intervenção armada contra os militares, ativando a sua "força de reserva", embora as modalidades de uma eventual intervenção militar desta organização representativa da África Ocidental não tenham sido reveladas.
O Níger e a Nigéria partilham laços históricos, étnicos e religiosos e acolhem uma maioria de muçulmanos sunitas.
O golpe de Estado no Níger de 26 de julho foi liderado pelo autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Nação (CNSP), que anunciou a destituição do Presidente e a suspensão da Constituição.
O Níger tornou-se assim o quarto país da África Ocidental liderado por uma junta militar, depois do Mali, Guiné-Conacri e Burkina Faso, onde também foram perpetrados golpes de Estado entre 2020 e 2022.
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