Praticamente um mês depois das eleições legislativas, o rei Filipe VI de Espanha decidiu dar ao líder do Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, a oportunidade de tentar a investidura como primeiro-ministro de Espanha. A decisão foi anunciada esta noite pela presidente do Congresso, depois de uma última ronda de reuniões entre o monarca e os partidos.
Ainda não se sabe até quando é que Feijóo terá de arranjar um acordo com os vários partidos para garantir uma maioria parlamentar.
Nem o líder dos conservadores do PP, nem Pedro Sánchez, atual primeiro-ministro e líder do PSOE, de centro-esquerda, foram capazes de arranjar votos suficientes para assegurar uma maioria absoluta. E, até agora, todas as hipóteses de coligação têm sido difíceis de concretizar, já que envolvem o PP e o PSOE fazer acordos com partidos pequenos e ideologicamente opostos.
Feijóo deixou claro que era o mais merecedor da oportunidade de formar governo, já que o PP acabou por ser o partido vencedor das eleições. No entanto, a queda do Vox, de extrema-direita, implicou que o caminho para a maioria ficasse substancialmente mais complicada. Após a reunião desta tarde com o rei, o líder do PP avisou que precisará de "tempo" para negociar com os partidos.
Já Pedro Sánchez e o PSOE assumiram também que tinham mais hipóteses de conseguir formar um governo estável, contando com o apoio da coligação Sumar e com outros movimentos regionalistas e independentistas.
Com um total de 172 deputados (incluindo os deputados do Vox, da UPN e da Coalición Canaria), a tentativa de investidura do PP poderá estar condenada ao fracasso, enfrentando os 178 deputados do PSOE, Sumar, Junts, ERC, EH Bildu, PNV e BNG. São precisos 176 deputados para atingir a maioria absoluta em Espanha.
O rei também reuniu esta terça-feira com Sánchez e também com Santiago Abascal.
No decorrer dos últimos dias, o PP e o Vox assumiram de forma explícita a colaboração para tentar convencer o rei de Espanha a dar a hipótese de governar à direita conservadora, mas a presença do Vox na liderança poderá ter o efeito inverso de alienar os restantes partidos que Feijóo tem de agradar para ser primeiro-ministro.
A decisão do Rei Felipe VI foi comunicada publicamente pela presidente do parlamento espanhol, Francina Armengol, que acrescentou que vai agora contactar com Feijóo para ver com o líder do PP qual a data mais oportuna para agendar o debate e a votação de investidura.
Segundo Francina Armengol, a Casa Real vai ainda hoje divulgar um comunicado com mais detalhes sobre a decisão de Felipe VI.
Cabe agora à Mesa do Congresso dos Deputados agendar o debate e votação de investidura de Feijóo como primeiro-ministro.
Se a investidura falhar, o Rei deverá repetir a ronda de audiências com os partidos e indicar novo candidato a primeiro-ministro, como já aconteceu no passado.
O parlamento tem dois meses, a partir da primeira votação de investidura falhada, para eleger um primeiro-ministro.
Se esse prazo terminar sem uma investidura, o parlamento dissolve-se automaticamente e haverá novas eleições 47 dias depois.
[Notícia atualizada às 19h40]
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