Numa comunicação por vídeo na cimeira da Plataforma da Crimeia, que hoje se realizou em Kyiv, com a participação de líderes de várias dezenas de países, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prometeu continuar a lutar pela paz, num esforço de mediação entre a Ucrânia e a Rússia, com quem continua a manter relações estreitas.
"Reafirmo o nosso apoio à integridade territorial da Ucrânia, incluindo a Crimeia", assegurou Erdogan, que manifestou a sua preocupação com o destino do povo tártaro, de origem turca e oriundos da Crimeia sob ocupação russa, pedindo às autoridades de Moscovo para libertarem os ativistas tártaros ali detidos.
Após a primeira intervenção da cimeira, reservada ao Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, de visita a Kyiv, também a Presidente da Hungria, Katalin Novák, insistiu na necessidade de preservar "a soberania, a independência e a integridade territorial da Ucrânia".
De igual, forma, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, apelou à urgência em encontrar uma solução para o conflito na Crimeia, anexada pela Rússia em 2014 e que continua a ser um dos polos cruciais da invasão iniciada em fevereiro de 2022,
Também por vídeo, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, lembrou que, tal como fez na Crimeia em 2014, a Rússia está a tentar anexar ilegalmente regiões ucranianas, como Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.
"A Rússia está a tentar roubar a identidade de cidadãos ucranianos, a raptar crianças e a retirar pessoas das suas casas", disse Michel, referindo-se em particular à questão do povo tártaro.
"A União Europeia continuará a apelar à plena responsabilização por estes crimes, incluindo o crime de agressão, e não reconhecerá qualquer tentativa ilegal de alterar o estatuto dos territórios da Ucrânia, incluindo a República Autónoma da Crimeia e a cidade de Sebastopol", prometeu o líder do Conselho Europeu.
O Presidente da República português defendeu hoje que qualquer discussão sobre o futuro da Ucrânia que exclua a questão da península da Crimeia é "um ruído" disfarçado de apoio à população do país invadido.
"Não é possível separar a questão da Crimeia da invasão total do território da Ucrânia. Qualquer tentativa, subjetiva ou objetiva, de separar as duas questões representa não uma ajuda, não um apoio à população ucraniana, mas um ruído que é desnecessário", considerou Marcelo Rebelo de Sousa.
Ladeado pelo Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que o conflito de hoje é indissociável da invasão da Crimeia em 2014, considerado o primeiro momento da violação da integridade territorial daquele país pela Federação Russa.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
Leia Também: AO MINUTO: Sirenes? Sem "medo", diz Marcelo; "Tudo funciona" em Kyiv