"Trata-se de uma mentira absoluta", respondeu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, quando questionado sobre as insinuações de líderes ocidentais de que a Presidência russa teria ordenado o assassinato de Prigozhin.
O porta-voz do Presidente Vladimir Putin disse que a questão da queda do avião em que viajaria Prigozhin tem de ser abordada "com base em factos", e não em especulações.
"Neste momento, há muita especulação em torno do desastre aéreo e da trágica morte dos passageiros, incluindo Yevgeny Prigozhin, e todos nós sabemos que tipo de especulação está a acontecer no Ocidente", afirmou, citado pelas agências internacionais.
"É claro que, no Ocidente, essas especulações são divulgadas sob um determinado ângulo", disse Peskov aos jornalistas durante uma conferência de imprensa telefónica.
As autoridades russas disseram que Prigozhin estava na lista de passageiros do avião que se despenhou na quarta-feira, por razões desconhecidas, durante um voo entre Moscovo e São Petersburgo, onde se situa a sede do Grupo Wagner.
A morte do chefe do Grupo Wagner continua a ser presumida, uma vez que os testes de ADN para identificar os corpos das 10 pessoas que estavam a bordo ainda não foram concluídos.
Os investigadores não se pronunciaram sobre as pistas que estavam a examinar, não mencionando nem a teoria de um acidente nem a de uma bomba, de um míssil terra-ar ou de um erro de pilotagem.
A queda do avião associado ao Grupo Wagner levantou imediatamente suspeitas de um assassinato orquestrado ao mais alto nível do poder russo por Prigozhin ter protagonizado uma rebelião contra o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, em junho.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, em declarações aos jornalistas na quarta-feira, disse acreditar que Putin estava provavelmente por detrás do acidente.
"Não sei de facto o que aconteceu, mas não estou surpreendido. Não há muita coisa que aconteça na Rússia que não tenha a participação de Putin", afirmou na altura.
Putin, que considerou Prigozhin um traidor após a rebelião armada de 23 e 24 de junho, prestou homenagem na quinta-feira à noite, após 24 horas de silêncio, à memória de "um homem talentoso que cometeu alguns erros graves".
O seu porta-voz referiu hoje que o próprio Presidente disse na quinta-feira que estava "à espera dos resultados".
Putin "disse que serão efetuadas todas as análises forenses necessárias, incluindo testes genéticos", declarou Peskov.
"Assim que as conclusões oficiais estiverem prontas para serem divulgadas, serão divulgadas", acrescentou.
Criado em 2014 e com presença em países africanos e no Médio Oriente, o Grupo Wagner destacou-se na guerra russa contra a Ucrânia, protagonizando algumas das batalhas mais sangrentas desde a invasão de 24 de fevereiro de 2022.
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