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Mali. Retirada da Minusma "no bom caminho", mas com vários desafios

A retirada da Missão de Estabilização Multidimensional Integrada das Nações Unidas no Mali (Minusma) registou "progressos significativos" e está no "bom caminho" para encerrar em 31 de dezembro, mas tem enfrentado várias dificuldades, informaram hoje fontes oficiais.

Mali. Retirada da Minusma "no bom caminho", mas com vários desafios
Notícias ao Minuto

17:41 - 28/08/23 por Lusa

Mundo Mali

Numa reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) focada nos progressos da retirada do Mali, o líder da missão, El-Ghassim Wane, explicou que a primeira fase do plano de retirada foi marcada por vários desafios, como a presença de grupos terroristas ou mesmo questões meteorológicas, e anteviu uma segunda "fase extremamente difícil".

A título de exemplo, Wane descreveu a experiência do encerramento do campo de Ber, no qual o último comboio de 'capacetes azuis', equipamentos e materiais levou 51 horas para percorrer um percurso de 57 quilómetros para chegar à cidade de Timbuktu.

"Isso deveu-se à natureza do terreno, que é desfavorável -- situação agravada pela estação chuvosa - e insegurança. Este comboio foi atacado duas vezes por elementos extremistas não identificados, ferindo quatro 'capacetes azuis' e danificando três veículos antes de chegar a Timbuktu", disse.

A retirada de Ber também se revelou politicamente difícil, com as autoridades do Mali e os Movimentos Signatários do Acordo para a Paz e Reconciliação no Mali a discordarem sobre o destino do campo após a saída da Minusma, acrescentou.

Além disso, também os comboios que transportavam abastecimentos e equipamento das bases da Minusma em Goundam e Ogossagou foram alvo de dispositivos explosivos improvisados, enquanto o último comboio de Gao para Ménaka foram igualmente atacados por elementos extremistas.

Com o final da primeira fase de retirada, foram repatriadas 1.096 pessoas uniformizadas e 79 contentores de materiais transferidos para fora do Mali, de acordo com dados da ONU.

Espera-se uma nova redução do pessoal uniformizado no final de setembro. No que diz respeito ao pessoal civil, 291 funcionários civis (incluindo voluntários das Nações Unidas), ou aproximadamente 33% da força de trabalho civil da Minusma, serão separados até 30 de setembro.

A segunda fase do processo - agora iniciada - decorrerá até 15 de dezembro. Incidirá no encerramento de seis bases (Tessalit, Aguelhok e Kidal, no norte, Douentza e Mopti, no centro, e Ansongo, no leste).

De acordo com o líder da Minusma, essa fase "será extremamente difícil", principalmente devido às centenas de quilómetros em terreno difícil que os comboios da missão terão de percorrer e à "insegurança omnipresente".

"Esta retirada surge num contexto marcado pela paralisação das estruturas de acompanhamento do Acordo de Paz, que não se reúnem desde novembro do ano passado, e por uma grave falta de confiança entre as partes. Não é de surpreender que as partes tenham assumido posições divergentes sobre o destino dos campos a serem libertados pela missão", assinalou ainda o representante da ONU.

Perante o corpo diplomático presente na reunião, Wane disse acreditar que os desafios permanecerão devido ao calendário apertado de redução da missão, "o que tornou impossível prever um período de transição adequado".

"Neste contexto, é importante reconhecer que algumas tarefas não podem ser transferidas de forma eficaz", sublinhou.

O golpe no vizinho Níger "também tem impacto" no "plano de retirada, que se baseia na utilização das zonas de trânsito de Cotonou e Lomé", e por isso exige a passagem pelo Níger, observou Wane.

Ainda na reunião, o embaixador do Mali junto à ONU, Issa Konfourou, disse estar aberto "ao diálogo para resolver pacificamente questões específicas que possam surgir".

"Mas gostaria de lembrar que o Governo do Mali não prevê prolongar o período de saída para além da data de 31 de dezembro de 2023", frisou o diplomata.

Desde 2012, o Mali enfrenta uma profunda crise de segurança que começou no norte e se espalhou para o centro do país, bem como para os vizinhos Burkina Faso e Níger.

A Minusma, que está há 10 anos no país africano, começou a abandonar as suas posições depois de em junho o Governo transitório maliano, liderado por uma junta militar, pedir a sua retirada "imediata", solicitação que foi aprovada posteriormente pelo Conselho de Segurança da ONU.

Leia Também: "Agressão"? Forças do Burkina Faso e Mali autorizadas a intervir no Níger

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