A resolução que previa prolongar por um ano o regime de sanções instituído em 2017 contra indivíduos que põem em perigo o acordo de paz de 2015, e o mandato do comité de peritos responsável pelo seu acompanhamento, recebeu 13 votos a favor, uma abstenção (China) e um voto contra (Rússia).
Moscovo concordou em prolongar as sanções, mas apenas uma última vez, e sobretudo quis dissolver o comité de peritos cuja objetividade contesta com Bamako, aliado do regime russo.
A resolução da Rússia nesse sentido foi rejeitada, com um voto a favor, um contra e 13 abstenções.
O último relatório do comité de peritos publicado na semana passada questionou a violência contra as mulheres perpetrada de forma "sistemática e organizada" pelas forças armadas do Mali e pelos seus "parceiros de segurança estrangeiros", presumivelmente membros do grupo paramilitar russo Wagner.
Este regime de sanções, que implica o congelamento de bens ou proibição de viagens, foi implementado em 2017 e afeta oito indivíduos, nomeadamente líderes de grupos signatários do acordo de paz de 2015, acusados de o colocar em perigo.
Estas sanções foram exigidas pelo governo do Mali na altura, mas a junta agora no poder exige o seu levantamento.
"A razão por detrás do pedido do Mali para a criação deste mecanismo deixou de existir", assegurou o ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Abdoulaye Diop, em meados de agosto, numa carta dirigida ao Conselho de Segurança.
A junta militar salientou ainda que as "hostilidades entre os movimentos signatários" tinham terminado.
Mas no seu último relatório, o comité de peritos observou a paralisia da aplicação do acordo de paz de 2015.
Destacando "o aumento das tensões" entre os grupos signatários do acordo, este comité manifestou-se também preocupado com informações de que alguns destes grupos se estariam a armar face ao que consideram ser ameaças das forças armadas do Mali.
Estas preocupações são reforçadas pela retirada da missão de manutenção da paz da ONU no Mali (Minusma), exigida por Bamako.
A missão da ONU já se retirou de quatro bases nas zonas mais remotas do Mali, seguindo um calendário que prevê que até 30 de setembro apenas fiquem em funcionamento quatro bases, entre as quais a de Timbuktu, que fechará até final do ano.
Desde 2012, o Mali enfrenta uma profunda crise de segurança que começou no norte e se espalhou para o centro do país, bem como para os vizinhos Burquina Faso e Níger.
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