O antigo presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, voltou a ameaçar “todos os países da NATO”, face às repetidas investidas ucranianas contra território russo, nomeadamente a Crimeia.
“Se for verdade (e não há razão para duvidar), então esta é uma prova direta e legalmente significativa da cumplicidade do Ocidente na guerra contra a Rússia ao lado do Estado de Stepan Bandera”, começou por dizer, referindo-se ao político ultranacionalista ucraniano.
O responsável foi mais longe, lançando tratar-se de “um casus belli [ocasião para a guerra] refinado” que, para a Rússia, representa “a oportunidade de agir no âmbito do jus ad bellum [direito à guerra] contra todos os países da NATO”.
“É triste, infelizmente. As previsões do Apocalipse estão cada vez mais próximas”, alertou, ilustrando o seu ponto de vista com uma citação bíblica do Livro do Apocalipse, que dá conta de que “naqueles dias os homens procurarão a morte, mas não a encontrarão; desejarão morrer, mas a morte fugirá deles”.
Medvedev fez ainda uso de uma frase de Vladimir Lenin, revolucionário e antigo chefe do Governo da União Soviética, que afirmou que “somos lembrados enquanto interferimos”, bem como de Nikita Khrushchov, ex-primeiro-ministro da União Soviética, citando que “quer se goste ou não, a história está do nosso lado. Vamos enterrar-vos”.
Sublinhe-se que esta última declaração está envolta em controvérsia, uma vez que muitos alegam ter sido o resultado de um problema de tradução. Na verdade, uma outra versão aponta que Khrushchov pretendia dizer que a União Soviética sobreviveria e duraria mais tempo do que os países capitalistas.
De notar ainda que, na quarta-feira, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, disse que a recaptura da cidade de Robotyne, reivindicada por Kyiv, abre caminho à contraofensiva ucraniana em direção ao sul ocupado da Ucrânia e à Crimeia anexada pela Rússia.
Além disso, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou que militares ucranianos iniciaram uma operação na Crimeia, na semana passada, tendo ressalvo que é cedo para falar na recuperação daquele território.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 9.511 civis desde o início da guerra e 26.717 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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