As relações entre os dois países complicaram-se devido à tensão causada pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE), processo conhecido por 'Brexit', e à crise migratória causada pela travessia de dezenas de milhares de pessoas do Canal da Mancha de França até à costa britânica.

A visita de Estado do Rei e da Rainha Camilla a Paris e Bordéus, prevista para entre 20 a 22 de setembro, simboliza uma reaproximação franco-britânica que começou com o primeiro-ministro, Rishi Sunak.

Inicialmente prevista para março, mas depois adiada, "a visita de Estado celebrará as relações entre o Reino Unido e a França, realçando a nossa história, cultura e valores comuns", refere um comunicado do Palácio de Buckingham.

"Será também uma oportunidade para olhar para o futuro e mostrar as muitas formas como o Reino Unido e a França trabalham em conjunto", vincou aos jornalistas o secretário privado do Rei, Chris Fitzgerald.

Um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico sublinhou que as relações têm vindo a "melhorar constantemente" desde uma cimeira bilateral realizada em Paris em março entre Rishi Sunak e vários dos ministros com o Presidente francês, Emmanuel Macron. 

A situação contrasta com as tensões registadas com os antecessores de Rishi Sunak, Boris Johnson e Liz Truss.

Em Paris, o Palácio do Eliseu saudou a visita como "uma honra para França e ilustra a profundidade dos laços históricos que unem os nossos dois países".

A presidência francesa sublinhou "os fortes laços entre o rei Carlos III e a França e a relação de longa data entre os dois chefes de Estado".

Tal como a mãe, Isabel II, Carlos III fala fluentemente francês e enquanto foi Príncipe de Gales, entre 1969 e 2022, efetuou 34 visitas oficiais a França. 

A última viagem oficial de Carlos foi em junho de 2019, quando visitou a Normandia no âmbito das comemorações do 75º aniversário do Dia D.

O convite ao monarca britânico para uma visita de Estado foi feito por Macron na altura do funeral da Rainha Isabel II, que morreu em 08 de setembro de 2022.

Embora ainda não tenham sido tornados públicos os detalhes do programa, a visita inclui um discurso do Rei aos deputados e senadores no Senado, em Paris, de acordo com Chris Fitzgerald.

Carlos III, de 74 anos, deverá também visitar o túmulo do Soldado Desconhecido no Arco do Triunfo e ser homenageado com um jantar de Estado no Château de Versailles.

A visita ocorre em pleno Campeonato do Mundo de Rugby em França, "uma paixão que os nossos dois países partilham", como refere o Palácio do Eliseu.

Os dois chefes de Estado também deverão trocar pontos de vista sobre as alterações climáticas, dando continuidade às discussões iniciadas na COP26 em Glasgow, em 2021, quando Emmanuel Macron e Carlos, então Príncipe, presidiram a uma reunião conjunta sobre o assunto.

Depois de Paris, o Rei segue para Bordéus, onde deverá encontrar-se-á com as pessoas afetadas pelos incêndios que devastaram parte da região no verão de 2022.

Carlos, que se preocupa há décadas com as questões ambientais, e Camila visitarão também uma vinha biológica.

A visita, inicialmente prevista para março, deveria ter sido a primeira visita oficial do novo soberano ao estrangeiro, mas foi adiada por razões de segurança devido à contestação social contra a reforma das pensões.

Carlos III e a sua esposa Camila visitaram, no entanto, a Alemanha, visita considerada um sucesso. 

Funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmaram mesmo que a visita já tinha trazido "benefícios muito reais" para o Reino Unido. 

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