Numa conferência de imprensa, Julie Keiko Fujishima anunciou a demissão e "pediu profundas desculpas às vítimas, pessoas afetadas e fãs".
A demissão surge uma semana depois de uma investigação interna ter confirmado abusos sexuais "repetidos e continuados" cometidos durante décadas por Johnny Kitagawa, cujo número exato é desconhecido.
O relatório, baseado em entrevistas com 41 supostas vítimas e executivos de agências, recomendou a demissão de Fujishima, que sucedeu a Kitagawa em 2019, argumentando que ela sabia há muito tempo das acusações, mas "não investigou".
Fujishima será substituída na presidência por Noriyuki Higashiyama, antigo membro do grupo musical Shonentai, ator e apresentador de televisão há muito representado pela agência Johnny's, que também pediu desculpas publicamente às vítimas.
"As vítimas e as suas famílias sofreram física e mentalmente durante muito tempo. Quero enfrentar esta situação e tenho a firme intenção de lidar com esta questão com sinceridade e com todo o meu esforço", disse Higashiyama, na conferência de imprensa.
Tanto a anterior presidente como o novo líder não falaram sobre que procedimentos possam ser introduzidos para proteger os artistas ou se será prestada compensação financeira ou apoio psicológico às vítimas.
Desde 1988 que vinham sendo publicadas alegações contra Kitagawa, uma figura poderosa no entretenimento japonês. No entanto, o fundador da Johnny & Associates, que morreu em 2019, nunca foi acusado de qualquer crime.
O caso voltou à ribalta em abril, quando o músico japonês de origem brasileira Kauan Okamoto se tornou a primeira alegada vítima a vir a público e a permitir tanto a publicação do seu nome como da sua fotografia.
No Clube de Correspondentes Estrangeiros em Tóquio, Okamoto, que assinou um contrato com a Johnny's quando tinha 15 anos, disse ter sido abusado em pelo menos 20 ocasiões e ter visto colegas seus a serem também abusados.
O músico disse que, durante o período em que esteve na agência, entre 2012 e 2016, Johnny Kitagawa terá abusado de entre 100 e 200 menores.
Nas redes sociais surgiu uma campanha de boicote da Johnny's, incluindo das empresas que assinaram contratos de publicidade e patrocínio com os artistas geridos pela agência.
Alguns críticos sublinharam que a imprensa japonesa permaneceu em silêncio durante décadas face às alegações, sugerindo que temiam retaliações e perder o acesso aos artistas geridos pela Johnny's.
De acordo com as acusações, Kitagawa regularmente convidava jovens cantores e bailarinos, muitos deles ainda menores, para dormirem na sua mansão, onde eram depois pressionados a terem sexo com o magnata.
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