O porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, qualificou a decisão anunciada em Kyiv pelo chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, como "absolutamente negativa".
Moscovo considera "ilegais todos os casos de bloqueio ou retenção de fundos ligados à propriedade pública ou privada russa no estrangeiro", afirmou Peskov, citado pela agência espanhola Europa Press.
Blinken disse em Kyiv que a intenção dos Estados Unidos é que os fundos sejam utilizados para apoiar a integração e a reabilitação dos veteranos de guerra ucranianos.
Peskov também reafirmou as críticas russas ao anúncio de que os Estados Unidos vão fornecer à Ucrânia munições com urânio empobrecido de calibre 120 milímetros para equipar os tanques Abrams.
São "muito más notícias", disse Peskov.
O porta-voz afirmou que este tipo de munições foi utilizado na Jugoslávia com "consequências muito tristes, registadas até por organizações internacionais".
Segundo referiu, a utilização de projéteis de urânio empobrecido provocou um "aumento galopante do cancro e de outras doenças".
"Os efeitos secundários foram sentidos pelos descendentes daqueles que se encontravam na região onde estas armas foram utilizadas ou que entraram em contacto com elas", disse.
Avisou ainda que a responsabilidade total pelas consequências da utilização de munições com urânio empobrecido "recairá inteiramente sobre os Estados Unidos".
"Todos devem estar conscientes disso", acrescentou, segundo a agência espanhola EFE.
A utilização de munições de urânio empobrecido, que têm maior capacidade de perfurar blindados, é há muito uma questão controversa devido aos potenciais impactos na saúde e no ambiente.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou na quarta-feira que "muitas forças armadas utilizam munições de urânio empobrecido, não apenas os Estados Unidos".
"Eu acrescentaria a Rússia também", disse Kirby, sublinhando depois que se trata de "munições eficazes no campo de batalha e que não representam uma ameaça radioativa para as pessoas".
A Ucrânia tem em curso uma contraofensiva para tentar reconquistar os territórios controlados pelas forças russas desde que invadiram o país vizinho, em 24 de fevereiro de 2022.
Kyiv tem recebido armamento dos aliados ocidentais, que também decretaram sanções económicas para tentar diminuir a capacidade russa de financiar a guerra.
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