Saied, que se arrogou plenos poderes em julho de 2021, garantiu que está determinado a "limpar o país porque essa é uma exigência popular".
"Devem ser perseguidos os 'lobbies' que trabalham secretamente por todos os meios para intimidar o povo, cujo objetivo é bem conhecido, inflacionar as condições sociais para obter ganhos políticos. São aqueles que roubam o dinheiro dos corruptos através das campanhas eleitorais e que traem o povo entre as eleições", lê-se num comunicado presidencial.
O comunicado foi divulgado na sequência de uma reunião realizada na noite de quinta-feira com o ministro do Interior tunisino, Kamel Feki, e com o Diretor-Geral da Segurança Nacional, Mourad Saïdane.
No encontro, o Presidente instou os organismos estatais a coordenarem-se para lutar contra o monopólio, contra o aumento dos preços e contra a escassez de produtos alimentares básicos.
Saied apelou também à intensificação das patrulhas em todo o território face ao "aumento" do tráfico e consumo de droga, roubos e atos de violência.
"As medidas visam a que os cidadãos se sintam seguros, de dia ou de noite, onde quer que estejam, e saibam que há forças que zelam pela sua segurança e fazem cumprir a lei", acrescentou Saied.
Pouco depois da reunião, o chefe de Estado da Tunísia emitiu um decreto presidencial para demitir o diretor-geral da segurança pública, embora não tenha explicado os motivos da sua decisão.
Desde o início do ano, as autoridades levaram a cabo uma campanha de detenções que envolveu cerca de 20 figuras políticas proeminentes, empresários, juízes e jornalistas pelo alegado crime de "conspiração contra a segurança do Estado", uma acusação pela qual podem ser condenados à pena de morte.
A maior parte deles são membros do partido islamista Ennahda, a principal formação política da última década e a mais votada no parlamento encerrado em julho de 2021 por Saied, depois de este ter assumido plenos poderes "para preservar a paz social".
O Presidente tunisino acusa-os de serem "traidores e terroristas" e advertiu que qualquer juiz que os liberte deve ser considerado cúmplice, o que levou a Associação dos Magistrados Tunisinos (AMT) a denunciar as pressões para lhes impor penas de prisão.
A oposição alerta para uma perseguição judicial contra os dissidentes, numa tentativa de desviar a atenção da opinião pública da crise económica e social que o país atravessa e de a impedir de se organizar para as próximas eleições presidenciais de 2024, cuja data está ainda por fixar.
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