Gabão. General nomeia figuras da oposição e apoiantes de antigo PR
O general Brice Oligui Nguema, que derrubou o presidente do Gabão, Ali Bongo, em agosto, nomeou figuras conhecidas da oposição e dirigentes do anterior regime para presidir às duas câmaras do futuro parlamento de transição.
© AFP via Getty Images
Mundo Gabão
O general Oligui Nguema liderou o golpe militar sem derramamento de sangue de 30 de agosto contra Ali Bongo Ondimba, que tinha acabado de ser reeleito e cuja família governava o país há 55 anos, acusando o Presidente de ter manipulado os resultados eleitorais e de, durante anos, ser o culpado pela "má governação" e "corrupção".
Proclamado presidente do regime de transição, o general disse querer "devolver o poder aos civis" através da realização de eleições num prazo que ainda não especificou, prometendo também a criação de instituições provisórias que incluirão "todas as forças motrizes da nação", de todos os quadrantes políticos.
Um dia depois de ter nomeado um governo de transição, confiado a um membro da ex-oposição - Raymond Ndong Sima - e composto por antigos membros do regime de Ali Bongo, opositores, membros da sociedade civil e militares, o novo homem forte do Gabão repetiu hoje esta abordagem quanto aos gabinetes da futura Assembleia Nacional e do Senado, duas instituições que deverão vigorar durante o período de transição.
Assim, foram nomeados 70 e 50 deputados, respetivamente, abarcando várias forças políticas quer da oposição, quer personalidades ligadas ao anterior governo.
A presidente do Senado de transição é Paulette Missambo, uma das principais figuras da oposição a Ali Bongo para as eleições presidenciais de 2023 e presidente do partido União Nacional (UN), segundo um decreto do general Nguema lido na televisão pública.
O presidente da Assembleia Nacional de transição é Jean-François Ndongou, várias vezes ministro quer de Ali Bongo, quer do seu pai, Omar Bongo Ondimba, que governou o Gabão durante 41 anos.
Foram igualmente nomeados quatro vice-presidentes para cada uma das duas câmaras, com oficiais do exército, membros de partidos ou de organizações da sociedade civil que são conhecidos opositores do campo de Bongo e antigos membros do seu regime, que se juntaram aos militares no seguimento do golpe de 30 de agosto.
Para além da nomeação destas figuras, Nguema reduziu também o recolher obrigatório na capital, que passa a vigorar das 22 horas às 6 horas, em vez de começar às 18 horas, conforme tinha sido decretado pelo anterior Presidente e mantido pelos militares golpistas.
O golpe de Estado no Gabão, uma das potências petrolíferas da África subsariana, é o segundo a ocorrer em pouco mais de um mês em África, depois de o exército ter tomado o poder no Níger, a 26 de julho.
O Gabão juntou-se à lista de países que tiveram golpes de Estado bem-sucedidos nos últimos três anos, que, para além do Níger, inclui o Mali (agosto de 2020 e maio de 2021), a Guiné-Conacri (setembro de 2021), o Sudão (outubro de 2021) e o Burkina Faso (janeiro e setembro de 2022).
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