"A presidente Ursula von der Leyen deslocar-se-á no domingo a Lampedusa a convite da primeira-ministra italiana Georgia Meloni", declarou o porta-voz de Ursula von der Leyen, Eric Mamer, numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).
Na sequência da chegada de mais de 10.000 migrantes a Lampedusa, a ilha mais próxima de África, em três dias, Meloni escreveu uma carta à presidente da Comissão Europeia na sexta-feira ao final do dia, pedindo-lhe para visitar a ilha "para compreender pessoalmente a gravidade da situação".
Meloni apelou também a uma aceleração imediata da aplicação do acordo sobre migrações que Bruxelas assinou com a Tunísia em julho passado, que incluía uma assistência macrofinanceira de mais de mil milhões de euros.
A chegada de migrantes à ilha diminuiu nas últimas horas, embora haja ainda 2.500 pessoas à espera de serem transferidas para os centros de acolhimento.
Na sexta-feira, Meloni anunciou um pacote de medidas para dissuadir os migrantes que tentam chegar a Itália de forma ilegal, que inclui, nomeadamente, o alargamento para 18 meses do período de permanência em centros de detenção para aqueles que aguardam o repatriamento, o máximo permitido por lei.
Entretanto, vai realizar-se esta tarde uma reunião por videoconferência sobre a crise migratória em Lampedusa, que reunirá os ministros do Interior francês, italiano e alemão, a Presidência espanhola do Conselho da União Europeia e a Comissária Europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson.
Esta reunião surge depois de cerca de 8.500 pessoas terem chegado de barco à pequena ilha de Lampedusa em três dias, esta semana, reabrindo o debate sobre a divisão de responsabilidades na União Europeia (EU) relativamente aos requerentes de asilo.
Este ano desembarcaram na Itália 127.207 migrantes, quase o dobro dos 66.237 que o fizeram no mesmo período do ano passado, e o triplo de 2021 (42.750), segundo dados do Ministério do Interior atualizados na sexta-feira.
O vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, pediu na sexta-feira a intervenção da ONU em resposta à pressão migratória de África que está a aumentar significativamente por via marítima.
"Não devemos subestimar o que está a acontecer em África. Também discutiremos isso nas Nações Unidas", prometeu Tajani, à margem da assembleia anual da Confindustria, em Roma, onde prometeu que levará o tema para a sua viagem a Nova Iorque, onde deverá pedir a intervenção da ONU.
"São necessárias medidas para travar os fluxos migratórios", explicou Tajani, que falou na necessidade de encontrar forma de repatriamento de muitos dos imigrantes.
Também na sexta-feira, a Comissão Europeia apelou à solidariedade dos seus estados-membros, depois de a Alemanha ter decidido suspender temporariamente o acolhimento de requerentes de asilo provenientes de Itália.
"Precisamos de solidariedade e contamos com todos os estados-membros para a garantir", disse a porta-voz comunitária do Interior, Anitta Hipper, referindo-se à declaração assinada por 21 países europeus em junho de 2022, que estabeleceu a criação do Mecanismo Voluntário de Solidariedade, para dar resposta às dificuldades migratórias.
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