Primeiro-ministro do Kosovo acusa enviado da UE de não ser neutral

O primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, acusou hoje o enviado especial da União Europeia (UE) para as conversações de normalização com a Sérvia, Miroslav Lajcak, de não ser neutral e de estar em conluio com Belgrado contra Pristina.

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© Erkin Keci/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
18/09/2023 13:31 ‧ 18/09/2023 por Lusa

Mundo

Kosovo

Albin Kurti acusou Miroslav Lajcak de se ter coordenado com o Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, sobre as conversações mediadas pela UE, realizadas na semana passada em Bruxelas.

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, que supervisionou as conversações em Bruxelas, atribuiu o mais recente colapso nas negociações à insistência de Kurti, para que a Sérvia reconheça o seu país antes de mais progressos na aplicação do acordo de fevereiro.

Borrell avisou que a falta de progressos poderia prejudicar as esperanças da Sérvia e do Kosovo para aderirem a UE.

A Sérvia e a sua antiga província do Kosovo estão em desacordo há décadas.

A guerra de 1998-1999 - que terminou depois de um bombardeamento de 78 dias da NATO ter forçado a retirada das forças militares e policiais sérvias do Kosovo - provocou mais de 10 mil mortos, a maioria albaneses do Kosovo.

Em 2008, o Kosovo declarou independência, numa iniciativa que Belgrado se recusou a reconhecer.

Em fevereiro, a UE apresentou um plano de 10 pontos para pôr fim a meses de crises políticas, tendo a aprovação das partes, embora com ressalvas que ainda não foram resolvidas.

Hoje, Kurti disse que o Kosovo apresentou uma proposta para a implementação do acordo alcançado em fevereiro.

Contudo, a Sérvia nunca apresentou qualquer proposta e mantém reservas sobre os documentos em negociação e sobre a neutralidade dos mediadores.

"Não precisamos de um enviado tão unilateral, nem tão pouco neutral, que vai contra o acordo básico. Mas é isso que está a acontecer com o enviado Lajcak", denunciou o primeiro-ministro do Kosovo.

Kurti também criticou Borrell e Lajcak como representantes da UE por não reagirem ao que descreveu como a violação contínua do acordo de fevereiro pela Sérvia, com declarações contra o Kosovo.

Em agosto, congressistas dos Estados Unidos -- a outra potência diplomática no processo -- alertaram que os negociadores não estavam a pressionar o líder sérvio com força suficiente.

Em maio, numa disputa sobre a validade das eleições locais na parte do norte do Kosovo dominada pela minoria sérvia, esta entrou em confronto com as forças de segurança, incluindo as forças de manutenção da paz da KFOR lideradas pela NATO que ali trabalhavam, ferindo 93 soldados.

Leia Também: Presidente sérvio culpa Kosovo por falta de progressos nas relações

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