"Para que isto aconteça (adesão da Suécia à NATO), Estocolmo deve cumprir as promessas. As organizações terroristas devem terminar imediatamente as manifestações nas ruas de Estocolmo e acabar com todas as atividades", disse Erdogan à estação de televisão pública dos Estados Unidos PBS.
"Aparentemente, a Suécia levou a cabo alterações legislativas, mas isso não é suficiente", acrescentou.
O chefe de Estado da Turquia, país que pertence à NATO, a candidatura de Estocolmo à organização "está a ser avaliada pelo Parlamento (de Estocolmo)", mas acusou o governo de não cumprir "promessas".
Por outro lado, Erdogan afirmou que as "posições de Estocolmo e Ancara sobre as negociações com vista à entrada da Turquia na União Europeia" são "coisas separadas".
Erdogan voltou a dizer que a Turquia é um país autossuficiente e que "nunca precisou de contribuições da União Europeia".
"Deste modo, nem sequer é necessário para nós (entrar no bloco europeu)", reiterou.
Para o governo de Ancara, a presença na Suécia de movimentos curdos, considerados "terroristas" pela Turquia, sobretudo o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) impede a entrada da Suécia na NATO.
O pedido de adesão da Suécia à Aliança Atlântica foi provocado pela invasão russa da Ucrânia.
Por outro lado, nos últimos meses, o governo turco tem criticado a queima de exemplares do Corão em manifestações na Suécia.
O presidente turco disse ainda na mesma entrevista que "confia na Rússia tanto quanto confia no Ocidente".
Explicando o recente encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, Erdogan disse que não conseguiu que a Rússia retomasse o acordo sobre o transporte de cereais através do Mar Negro, do qual o Kremlin se retirou em julho, mas que tinha conseguido uma promessa de que Moscovo forneceria um milhão de toneladas de cereais a África.
"Não tenho razões para não confiar neles", disse Erdogan à PBS em Nova Iorque, onde participa na Assembleia Geral da ONU.
"Na medida em que o Ocidente é fiável, a Rússia é igualmente fiável. Nos últimos 50 anos, temos estado à espera à porta da União Europeia e, neste momento, confio na Rússia tanto quanto confio no Ocidente", disse Erdogan.
Ancara tem mantido laços estreitos com a Rússia e a Ucrânia durante os últimos 19 meses, desde o início da segunda invasão russa do território ucraniano.
Em julho do ano passado, a Turquia e a ONU chegaram a um acordo para permitir o transporte seguro de cereais ucranianos a partir dos portos do Mar Negro, ajudando a aliviar a crise alimentar mundial.
Moscovo abandonou o acordo há dois meses, alegando que um acordo paralelo para permitir as suas exportações de produtos alimentares e fertilizantes não tinha sido cumprido.
Erdogan indicou também a melhoria dos laços com Washington, que se centraram recentemente na aprovação por Ancara do pedido de adesão da Suécia à NATO e num possível acordo para fornecer caças F-16 à Turquia.
"Estamos satisfeitos com o desenvolvimento da nossa cooperação com os EUA", disse Erdogan. "Resolvemos a maior parte dos impasses durante as conversações com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e decidimos manter mais conversações de acordo com uma agenda positiva", disse.
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