"Terei uma conversa telefónica com o primeiro-ministro ucraniano [Denys Shmygal] para lhe explicar que hoje discutimos com os manifestantes que haverá uma quota para a Bulgária", disse o primeiro-ministro búlgaro, Nikolai Denkov.
"Num futuro próximo não permitiremos a importação de girassóis da Ucrânia", disse o chefe do Governo numa conferência de imprensa em Sófia, depois de manter negociações durante várias horas com representantes dos manifestantes, juntamente com os ministros da Agricultura e das Finanças da Bulgária.
Denkov assegurou que a Bulgária pedirá à Comissão Europeia (CE) que altere o montante da compensação financeira aos agricultores afetados pela guerra na Ucrânia, enquanto o Governo aprovará na quarta-feira os auxílios estatais aos agricultores.
Centenas de produtores de cereais com 600 tratores reuniram-se hoje à entrada de Sófia, para exigir ao Governo búlgaro a prorrogação da proibição de importação de cereais da Ucrânia.
Os agricultores dizem que estão prontos para bloquear o centro de Sófia com os seus tratores, em resposta à recente decisão do Parlamento de acabar com as restrições às importações de trigo, milho, sementes de girassol ou outras matérias-primas da Ucrânia.
Por outro lado, a Hungria anunciou hoje que vai prolongar a proibição de importações de cereais da Ucrânia em conjunto com a Roménia e Eslováquia, seguindo a decisão da Polónia, mas a Bulgária vai sair do acordo e suspender a medida.
Em abril, a União Europeia (UE) autorizou cinco Estados-membros (Bulgária, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia) a proibir a comercialização de trigo, milho, colza e sementes de girassol ucranianos no seu território, desde que isso não impedisse o trânsito dos cereais para outros países.
A medida destinou-se a proteger os agricultores destes países, que culpavam estas importações pela queda dos preços nos seus mercados locais.
As proibições expiram na próxima sexta-feira, segundo o calendário definido então por Bruxelas, mas Hungria e Polónia querem prolongá-las até ao final do ano.
A Ucrânia tornou-se completamente dependente de rotas na UE para as suas exportações de cereais depois de a Rússia ter abandonado unilateralmente em julho o acordo de exportação que tinha permitido a Kiev enviar os seus produtos agrícolas em segurança para países de África e da Ásia através do Mar Negro.
No entanto, os Governos da Polónia, Hungria, Roménia, Bulgária e Eslováquia têm estado sob pressão dos respetivos setores agrícolas, que criticaram o facto de esta medida concedida à Ucrânia colocar as suas produções em risco.
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