Ao tomar conhecimento da decisão de Bruxelas, a oposição também declarou hoje que, desta forma, estão abertas as portas para que as eleições gerais no Bangladesh “não sejam livres e justas”.
O Bangladesh tem previsto realizar eleições gerais no início de janeiro e vários governos ocidentais manifestaram preocupação com o clima político repressivo com que o partido Awami League, de Sheikh Hasina, tem vindo a liderar desde 2009 o oitavo país mais populoso do mundo.
A oposição neste país do sul da Ásia tem organizado uma série de manifestações exigindo a demissão da primeira-ministra, Sheikh Hasina, e apelou a um governo interino neutro para organizar a votação.
O embaixador da UE em Daca, Charles Whiteley, afirmou que os 27 não enviariam uma missão de observação "de pleno direito", de acordo com uma cópia de uma carta enviada quarta-feira ao comissário eleitoral do Bangladesh e consultada hoje pela agência noticiosa France-Presse (AFP).
Whiteley afirmou que, embora a UE tenha tido em conta as restrições orçamentais, a decisão reflete também o facto de, "neste momento, não ser suficientemente claro se as condições necessárias [para a realização de eleições livres, justas e transparentes] serão cumpridas", sem dar mais pormenores.
A UE está a "explorar outras opções para apoiar o processo eleitoral", acrescentou.
O secretário da Comissão Eleitoral do Bangladesh, Jahangir Alam, disse hoje à AFP que a decisão da UE se devia a "razões orçamentais".
O Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP, na sigla inglesa), principal partido da oposição, congratulou-se com a informação, defendendo que a decisão da UE demonstra que "não existe um ambiente propício à realização de eleições" no país.
"Não haverá eleições no Bangladesh sem um governo neutro", declarou aos jornalistas o porta-voz do BNP, Amir Khasru Mahmud Chowdhury.
A UE é o principal parceiro comercial do Bangladesh, país que é um dos principais fabricantes mundiais de vestuário e que mais de metade das suas exportações de mercadorias, no valor de 55.000 milhões de dólares (cerca de 51.600 milhões de euros), têm como destino uma UE.
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