O chefe de Estado iniciou hoje uma visita à capital norte-americana, durante a qual proferiu uma palestra no Colégio Nacional de Guerra, em Washington, em que abordou a experiência de Moçambique nos processos de reconstrução pós-conflitos bem como ao nível de desastres naturais.
"Informei que os progressos nesta luta estariam num nível muito mais avançado se tivéssemos mais meios. Face a isso, pedi mais apoio dos Estados Unidos para os esforços das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, mas também das tropas amigas do Ruanda e da Missão Militar da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], que neste momento estão em Cabo Delgado a combater os inimigos do nosso desenvolvimento", explicou, numa mensagem divulgada após a palestra.
"Queremos continuar a lograr sucessos para a erradicação do terrorismo do nosso país", acrescentou.
Filipe Nyusi já tinha afirmado na terça-feira, em Nova Iorque, que o apoio que Moçambique está a receber no combate ao terrorismo é um exemplo de como África pode resolver os seus problemas, mas apontou que as forças no terreno precisam de financiamento.
"Esta experiência pioneira de combinação de intervenção bilateral e multilateral é também exemplo de resolução de problemas africanos, antes por próprios africanos. Contudo, a questão que se coloca é a necessidade de apoio substancial a estes países que de forma direta e interventiva combatem connosco o terrorismo em Moçambique, de modo a tornar sustentáveis as operações ainda em curso", disse Filipe Nyusi, ao intervir na 78.ª sessão anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Na província de Cabo Delgado, combatem o terrorismo -- em ataques que se verificam desde outubro de 2017 e que condicionam o avanço de projetos de produção de gás natural na região - as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
"Temos estado a alcançar sucessos visíveis no terreno, apesar de os terroristas continuarem a criar terror e medo de forma esporádica em aldeias isoladas. Com a melhoria da ordem e da tranquilidade as populações têm estado a retornar em massa para as suas zonas de origem, recomeçando a sua vida com normalidade", reconheceu ainda.
A organização terrorista Estado Islâmico reivindicou ter executado na semana passada 11 cristãos em Moçambique, no distrito de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado, contudo fontes ouvidas pela Lusa falam de pelo menos 12 mortos no local e vários feridos, nesse ataque, ocorrido na sexta-feira em Naquitenge, uma aldeia do interior daquele distrito.
O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
"Neste momento, o desafio é a reconstrução das infraestruturas e a consolidação da coesão social", afirmou ainda Filipe Nyusi, ao discursar perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, pedindo apoio internacional neste processo.
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