Aidarous al-Zubaidi, que falava à agência Associated Press (AP) à margem da visita a Nova Iorque para a reunião de líderes de alto nível da Assembleia Geral da ONU, defendeu esta posição dias depois da conclusão das conversações históricas em Riade entre os rebeldes houthis e a Arábia Saudita, que lidera uma coligação que os combate na guerra civil do país.
As declarações deste responsável apontam que o seu grupo poderá não aceitar uma solução sem a inclusão da criação de um Estado separado.
Al-Zubaidi tem um papel duplo na política do Iémen: é vice-presidente do país, mas também líder de um grupo separatista que se juntou ao governo de coligação internacionalmente reconhecido, com sede na cidade de Aden, no sul do país.
A sua viagem à ONU teve como objetivo amplificar o apelo ao separatismo do sul, que ficou em segundo plano nas discussões destinadas a pôr fim à guerra mais ampla.
No início deste ano, o chefe do governo internacionalmente reconhecido do país ignorou a questão.
Aidarous al-Zubaidi frisou à AP que as conversações em Riade eram preliminares e que o seu conselho de transição planeia participar numa fase posterior.
"Estamos a pedir o regresso do Estado do Sul, com total soberania, e isso acontecerá através do início de negociações com os houthis e as negociações serão, certamente, longas", apontou.
A guerra do Iémen começou em 2014, quando os houthis invadiram o seu reduto no norte e tomaram a capital, Sanaa, juntamente com grande parte do norte do país.
Em resposta, a coligação liderada pela Arábia Saudita interveio, em 2015, para tentar devolver ao poder o governo internacionalmente reconhecido.
Os cinco dias de negociações, que terminaram na quarta-feira, representaram as negociações públicas de mais alto nível com os houthis no reino.
O conflito envolveu-se numa guerra regional mais ampla que o reino saudita enfrentou contra o rival regional de longa data, o Irão.
Al-Zubaidi saudou ainda o esforço de Riade para a mediação do conflito, lembrando que quer a Arábia Saudita, quer os Emirados Árabes Unidos, têm sido aliados firmes durante o longo conflito.
Contudo, as potências do Golfo encontraram-se, por vezes, em lados diferentes de lutas internas prolongadas, tendo os separatistas chegado a determinado ponto a tomar o controlo de Aden.
Questionado diretamente se os Emirados Árabes Unidos forneceram dinheiro ou armas, o líder do Conselho de Transição do Sul do Iémen não especificou.
A guerra causou a pior catástrofe humanitária no planeta, segundo a ONU, que estima existirem no país mais de 23 milhões de pessoas que precisam de ajuda humanitária.
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