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"Imigração" e "moção de censura" marcam 'rentrée' política em França

O deputado francês Stéphane Vojetta, da maioria presidencial e eleito pela circunscrição de residentes no estrangeiro que inclui Portugal, antevê uma 'rentrée' política marcada pela imigração e com uma moção de censura arriscada para o Presidente Emmanuel Macron.

"Imigração" e "moção de censura" marcam 'rentrée' política em França
Notícias ao Minuto

09:16 - 24/09/23 por Lusa

Mundo França

Há cerca de um ano, Vojetta surpreendeu ao ganhar como independente a 5ª circunscrição (Espanha, Portugal, Andorra e Mónaco), depois de o seu partido República em Marcha o ter preterido face ao antigo primeiro-ministro Manuel Valls, e diz em entrevista à Agência Lusa que a atual maioria "tem opiniões diferentes sobre tudo", mas que tem conseguido resultados.

"Somos uma maioria centrista que tem pessoas de várias correntes políticas. Durante cinco anos, a maioria foi hegemónica e havia um certo controlo sobre tudo e todos, mas agora a maioria é diferente e eu sou um símbolo disso mesmo. Eu estou na maioria porque quis, mas disse não a certas coisas e posso apresentar as minhas leis e as minhas propostas. Falo com a esquerda e com a direita", disse o deputado.

Este episódio deu-lhe "força" e "o respeito" das diversas alas do Parlamento francês, tendo mesmo editado um livro, "Remontada", em junho deste ano em que conta em detalhe a epopeia que viveu para ser reeleito, tendo posteriormente recebido os parabéns do presidente Emmanuel Macron por ter ganho.

Após ter batido Valls nas urnas e na segunda volta ter derrotado o candidato de esquerda, Stéphane Vojetta, que é empresário, voltou a integrar a maioria sob a condição de obter um lugar na cobiçada comissão de Assuntos Económicos na Assembleia Nacional, o que conseguiu.

Na sua perspetiva, as medidas do governo de "centro-direita" que apoia na Assembleia têm protegido os franceses dos impactos nefastos da covid-19 e da guerra na Ucrânia, que levaram a um aumento geral dos preços.

"No geral, talvez eu fosse um pouco mais radical com algumas medidas, mas acho que Bruno Le Maire [ministro das Finanças e da Economia] tem feito um ótimo trabalho, acho-o excelente, e ele investiu dezenas de milhões de euros para proteger os franceses e o poder de compra, especialmente protege-os do aumento do custo de vida. Mesmo sendo deputado aqui, continuo a viver em Madrid e vou muito a Portugal e posso dizer que as minhas contas de eletricidade em Espanha dispararam", indicou.

Para este deputado francês, nascido em Nancy, mas instalado há muitos anos em Madrid, a questão do imobiliário é central nas economias europeias, e, em 2024, é possível que a Assembleia francesa produza propostas para "créditos com juros a 0%" ou para melhorar o acesso à compra de casa.

No dia 25 de setembro, os 577 deputados franceses voltarão à Assembleia Nacional para uma sessão extraordinária.

Esta 'rentrée' política, prevê Vojetta, será muito marcada pela lei da imigração que vai voltar à discussão no hemiciclo, com a possibilidade de uma moção de censura à direita que matematicamente poderia resultar, já que o partido do presidente não tem maioria absoluta, mas que para tanto precisaria ser aprovada pela esquerda também.

"A situação em Lampedusa e o facto de votarmos agora uma lei da imigração vai marcar o outono e pode mesmo acabar numa moção de censura que tem possibilidades de passar. Sabemos que os Republicanos querem forçar as suas regras, mas será que a esquerda está pronta a votar uma moção de censura devido à lei da imigração, que está tão perto da extrema-direita? Não me parece", declarou.

Representando os gauleses que vivem em terras lusas, Vojetta assegura que a atratividade do país para quem aí se instala vai muito para além das vantagens fiscais e que Portugal continua a ser um país fantástico para os franceses.

"Em Espanha, por exemplo, paga-se mais impostos do que em França e as pessoas continuam a vir morar em Espanha, tal como vão continuar a vir morar em Portugal. A saída de França não é só motivada só por razões de fiscalidade, nem os reformados escolhem assim. A tal isenção de impostos é a cereja no topo do bolo e o bolo é qualidade de vida, a segurança, o custo de vida, a tranquilidade e isso justifica escolher Portugal. E isso é legítimo porque Portugal é um país fantástico", concluiu.

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