Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão indicou que, na sequência das "ações antiterroristas levadas a cabo na área há poucos dias", convidou "várias agências da ONU a visitar a região de Nagorno-Karabakh".
A missão da organização deverá "visitar a área nos próximos dias", apoiada pela coordenadora residente das Nações Unidas no país, Vladanka Andreeva, no âmbito do quadro de cooperação e desenvolvimento sustentável entre o ONU e Azerbaijão, acrescentou a nota informativa.
"Durante muito tempo, desde a ocupação arménia dos territórios azeris, o acesso das missões internacionais a estes territórios foi bloqueado ou restringido", afirmou o ministério, sublinhando que, por isso, "foi impossível avaliar os resultados dessa ocupação, das destruições e atividades ilegais registadas na área".
Agora, frisou a diplomacia de Baku, esta visita dará à ONU a oportunidade de "conhecer as atividades humanitárias realizadas pelo Azerbaijão na região".
"Podem ser mostrados alguns processos de restauração de infraestruturas e o processo de desarmamento de grupos armados arménios ilegais", afirmou o ministério, acrescentando que também poderá ser observada a "ameaça de minas terrestres".
O convite surgiu pouco depois de a União Europeia (UE) ter pedido às autoridades do Azerbaijão que garantissem os direitos dos arménios em Nagorno-Karabakh e permitissem o acesso a uma missão das Nações Unidas.
A UE considerou essencial que uma missão da ONU possa aceder ao território "nos próximos dias" e solicitou acesso humanitário à zona para poder satisfazer as necessidades das pessoas deslocadas e daqueles que decidiram permanecer na região separatista.
O Governo da Arménia estima que mais de 88 mil deslocados chegaram ao país em fuga da região de Nagorno-Karabakh após a tomada da área pelo exército do Azerbaijão, o que representa cerca de dois terços da população do território.
A 19 de setembro, o Exército azeri lançou uma ofensiva sobre as posições arménias no enclave, classificando a ação como "operação antiterrorista" e exigindo que os arménios depusessem as armas e que o Governo separatista (no poder 'de facto' desde 1994) se dissolvesse.
Um dia depois, as autoridades de Nagorno-Karabakh concordaram com as exigências militares azeris.
A Arménia e o Azerbaijão, duas ex-repúblicas soviéticas, já se confrontaram pelo controlo de Nagorno-Karabakh em duas guerras: uma entre 1988 e 1994 (30.000 mortos) e outra no outono de 2020 (6.500 mortos).
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