"Israel deu ao hospital Al Awda apenas duas horas para evacuar. A nossa equipa ainda está a tratar pacientes", realçou a organização não-governamental (ONG) em comunicado na rede social X (antigo Twitter).
"Condenamos inequivocamente esta ação, o contínuo derramamento de sangue indiscriminado e os ataques aos cuidados de saúde em Gaza. Estamos a tentar proteger o nosso pessoal e os nossos pacientes", acrescentou a Médicos Sem Fronteiras (MSF).
O Exército israelita apelou esta manhã à retirada de civis do norte da Faixa de Gaza, incluindo a cidade de Gaza, e instou-os a deslocarem-se para sul, o que implica a movimentação de mais de 1 milhão de pessoas e sugere uma iminente operação terrestre
Segundo Israel, muitas das operações militares do enclave são realizadas a partir da cidade de Gaza, um local de quase 600 mil habitantes, para onde os civis devem agora partir "para sua própria segurança" e "para onde só poderão regressar quando outro anúncio for feito", adiantou um porta-voz militar, citado pela agência Efe.
A situação humanitária em Gaza, após sete dias de guerra, é extremamente precária, os hospitais estão sobrelotados e o número de deslocados ascende a centenas de milhares, enquanto os fortes bombardeamentos israelitas no enclave não param e causaram graves danos às infraestruturas civis.
Os Emirados Árabes Unidos (EUA) anunciaram hoje o envio de um avião carregado de ajuda médica urgente que será transportado para a Faixa de Gaza, através da passagem fronteiriça de Rafah, que liga ao Egito e é a única no enclave não controlada por Israel, sublinhando a ajuda "humanitária ao povo irmão palestiniano, à luz das difíceis condições humanitárias em que se encontram".
Da mesma forma, reforçaram o "firme apoio" de Abu Dhabi à Palestina, apesar de os Emirados terem estabelecido relações com Israel em 2020 no âmbito dos chamados Acordos de Abraham, aos quais aderiram Bahrein e Marrocos.
Até agora, poucos países enviaram ajuda humanitária para Gaza -- incluindo a Turquia, a Jordânia, o Iraque e o Crescente Vermelho Egípcio -- devido ao bloqueio de Israel ao enclave.
O Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, lançou a 07 de outubro um ataque surpresa contra o território israelita, que designou como operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de 'rockets' e a incursão de combatentes armados por terra, mar e ar.
Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que batizou como "Espadas de Ferro".
As autoridades israelitas confirmaram até agora mais de 1.300 mortos e de 3.000 feridos desde o início da ofensiva do Hamas, apoiada pelo Hezbollah libanês e pelo ramo palestiniano da Jihad Islâmica.
Do lado palestiniano, o Ministério da Saúde confirmou hoje que, em Gaza, os ataques da retaliação israelita fizeram pelo menos 1.799 mortos e mais de 7.000 feridos e que também se registaram 47 mortos na Cisjordânia, bem como cerca de 600 feridos.
Segundo o porta-voz do exército de Israel, Richard Hecht, cerca de 1.000 combatentes do Hamas foram igualmente abatidos durante confrontos com as forças de segurança em território israelita.
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