Na sexta-feira, Israel ordenou a retirada de "todos os civis" da cidade de Gaza para o sul, no prazo de 24 horas, antes de uma ofensiva terrestre contra o movimento islamita Hamas, em retaliação ao ataque mais mortífero da história de Israel, há exatamente uma semana.
Aquele prazo terminou às 04:00 (hora de Lisboa).
"Enquanto representante da posição oficial da União Europeia, afirmo que a ordem de evacuação é totalmente, totalmente impossível de aplicar", afirmou Borrell numa conferência de imprensa no último dia da sua visita de três dias a Pequim.
"Imaginar que um milhão de pessoas podem ser deslocadas em 24 horas, numa situação como a de Gaza, só pode resultar numa crise humanitária", acrescentou.
Na sexta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que a Europa estava "ao lado de Israel", que tem "o direito de se defender" face às "atrocidades cometidas pelo Hamas".
Josep Borrell também sublinhou que Israel tem obrigações ao abrigo do direito internacional.
"A posição é clara", afirmou Borrell. "Defendemos o direito de Israel a defender-se (...). Mas, como qualquer direito, tem um limite. E esse limite é o direito internacional".
O Hamas lançou no sábado passado um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Os ataques já provocaram milhares de mortos e feridos nos dois territórios.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel está "em guerra" com o Hamas, no poder em Gaza desde 2007 e considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, UE e Israel, bem como por outros países.
A Faixa de Gaza, um enclave pobre e pequeno, com 2,3 milhões de habitantes, há vários anos sob um bloqueio terrestre, está agora sob cerco, com o abastecimento de água, eletricidade e alimentos cortado por Israel.
Josep Borrell afirmou que a única estratégia viável a longo prazo é a criação de um Estado palestiniano independente e reconhecido internacionalmente.
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