Num comunicado, o porta-voz da presidência egípcia, Ahmed Fahmy, disse que o Conselho de Segurança Nacional, presidido por al-Sisi, "rejeitou e denunciou a política de deslocação ou as tentativas de liquidar a causa palestiniana à custa dos países vizinhos" durante uma reunião do órgão, composto por altos funcionários militares e dos serviços secretos.
Face à iminência de uma possível operação terrestre do exército israelita, o Conselho afirmou que "a segurança nacional do Egito é uma linha vermelha" que o Cairo está "empenhado em proteger".
Nesse sentido, al-Sisi propôs hoje a realização de uma cimeira regional para abordar a evolução da guerra e da crise humanitária na Faixa de Gaza e "o futuro da causa palestiniana", segundo uma resolução aprovada pelo Conselho.
Segundo o porta-voz presidencial Ahmed Fahmy, a proposta do Conselho, composto por militares de topo, serviços secretos e outros responsáveis pela segurança que se reúnem em situações de emergência no país do Nilo, vai agora ser analisada por outros países vizinhos.
Além disso, foi também decidido intensificar os contactos com as organizações humanitárias internacionais e regionais para levar "a ajuda necessária" a Gaza, bem como insistir que "não há solução para a causa palestiniana a não ser a solução de dois Estados".
A resolução do Conselho, o órgão político mais poderoso do país, surge num momento em que o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, chegou ao Cairo para analisar a situação de conflito, tendo anunciado que vai regressar a Israel para uma segunda visita em menos de uma semana, depois de ter visitado seis países árabes.
Por outro lado, a resolução do Conselho surge também numa altura em que aumenta a pressão sobre o Egito para que autorize a passagem na fronteira de Rafah, o único ponto de saída da Faixa de Gaza que não está nas mãos de Israel, para os residentes do enclave palestiniano que tentam escapar aos bombardeamentos indiscriminados do Estado judaico.
No sábado, o Egito recusou permitir a saída de estrangeiros residentes em Gaza através do seu território, algo que tinha estado a negociar com os Estados Unidos, uma vez que o acordo não incluía a autorização de entrada de ajuda humanitária no enclave, que enfrenta uma catástrofe humanitária.
O Egito não quer que o afluxo de pessoas se transforme num ataque maciço à fronteira, como aconteceu em 2008, e que resulte numa potencial vaga de centenas de milhares de refugiados que dificilmente poderão regressar a casa.
Além disso, a entrada de habitantes de Gaza poderia significar a entrada de militantes do Hamas, uma organização próxima da Irmandade Muçulmana egípcia, que o país considera terrorista.
O grupo islamita Hamas, considerado terrorista pelo União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos, iniciou a 07 deste mês um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza, que controla desde 2007, e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Os ataques já provocaram milhares de mortos e feridos nos dois territórios.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel está "em guerra" com o Hamas.
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