Líder de partido vencedor polaco reconhece que será difícil criar governo

O líder do partido Lei e Justiça (PiS), no poder há oito anos na Polónia, reconheceu que os resultados nas legislativas disputadas hoje não deverão permitir a formação de governo, apesar da vitória nas urnas.

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© Sean Gallup/Getty Images

Lusa
15/10/2023 21:59 ‧ 15/10/2023 por Lusa

Mundo

Polónia/Eleições

"É a nossa quarta vitória numa eleição parlamentar e a terceira consecutiva. É um grande sucesso para o nosso partido e para o nosso projeto para a Polónia", declarou Jaroslaw Kaczynski logo após fecho das urnas, às 21h00 locais (20h00 em Lisboa), e quando foram conhecidas as primeiras projeções da votação, que dão maioria parlamentar à oposição.

"A questão que permanece é se este sucesso se refletirá num novo governo nosso e ainda não sabemos, mas devemos ter esperança e saber que, quer estejamos no poder ou na oposição, defenderemos este projeto de qualquer forma que quisermos", proclamou o dirigente histórico dos conservadores populistas, acrescentando que o seu partido não permitirá "traições à Polónia, nem que a Polónia perca o que há de mais valioso na nação, a sua independência".

No X (antigo Twitter), o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, escreveu que o "Lei e Justiça é o vencedor das eleições parlamentares de 2023", ao mesmo tempo que o líder do seu partido admitia que poderá ter de abdicar do poder e que o líder da oposição, o antigo chefe do Governo e ex-presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, reclamava vitória.

A sondagem à boca das urnas, divulgada pela tvn24 e preparada pela Ipsos, dá ao PiS 36,8% e 200 dos 460 assentos no parlamento polaco, seguido pelos liberais da Plataforma Cívica (PO), de Tusk, com 31,6% e 163 lugares.

Atrás estão a Terceira Via (conservadores), com 13% e 55 lugares, e o Lewica (Esquerda), com 8,6% e 30 mandatos, o que significa que estas forças, aliadas à PO, conseguem maioria no parlamento.

Os ultranacionalistas radicais da Confederação (extrema-direita), que poderiam viabilizar um executivo do PiS, não foram além dos 6,2% e de 12 lugares.

A participação, segundo as projeções, deverá situar-se acima dos 73%, o que, a confirmar-se, deverá ser um recorde no país.

Nas últimas legislativas, realizadas em 2019, a participação foi de 61,7%, mas hoje, nas atualizações da Comissão Eleitoral Polaca, às 12h00 e 17h00 locais, era claro que a participação iria subir substancialmente, enquanto os diretos televisivos exibiam longas filas nas assembleias de voto em Varsóvia e outras grandes cidades.

De resto, quando os líderes das principais forças partidárias começaram a falar aos seus apoiantes e ao país, no caso de Tusk às 21h00 em ponto, seguido de imediato por Kaczynski, ainda havia filas assinaláveis em muitas assembleias de voto.

Em contraste com a participação nas legislativas, os 30 milhões de eleitores polacos foram igualmente chamados a votar em quatro referendos, mas todos deverão ser declarados inválidos, uma vez que, de acordo com as sondagens à boca das urnas, não foram além de 40% de participação, ficando aquém dos 50% necessários para serem vinculativos.

Em causa estavam duas perguntas sobre a política de imigração e asilo, em oposição ao pacto migratório aprovado pela União Europeia, e sobre o muro erguido na fronteira com a Bielorrússia, a subida da idade da reforma para os 67 anos e a privatização de ativos estatais.

Após amplo ruído sobretudo no alarmismo colocado em torno do debate sobre migração, a oposição apelou ao boicote nos referendos.

Em clima de euforia, Donald Tusk declarou vitória junto dos seus pares, com um sorriso rasgado e tom emocionado.

"A Polónia venceu. A democracia venceu. Nós expulsámo-los do poder", afirmou aos seus apoiantes e outros candidatos ao parlamento numa sala cheia e vibrante.

"Sei que os nossos sonhos eram ainda mais ambiciosos. Estou na política há muito tempo. Nunca fui tão feliz em toda a minha vida", disse o antigo primeiro-ministro polaco, acrescentando: "Há um ano ninguém acreditava. Há três meses não tínhamos certezas".

Estas foram as eleições mais divididas dos últimos anos na Polónia, após oito anos de domínio absoluto do PiS e uma postura de resistência e desobediência às determinações da UE e acusações de interferência no poder judicial e nas forças armadas e ainda de uma política musculada e alarmista em relação à imigração.

A oposição propôs em alternativa o desanuviamento com Bruxelas, que congelou a transferência de fundos comunitários para Varsóvia por desvios ao Estado de Direito, e com os países vizinhos, mas também das normas rígidas em matérias de imigração, aborto e comunidade LGBT+.

Segunda-feira deverá marcar o começo de uma maratona negocial, de forma a garantir que os resultados obtidos pela oposição se convertam em solução governativa a apresentar ao Presidente da República, Andrzej Duda, proveniente do PiS.

Cerca de 30 milhões de eleitores escolheram hoje 460 deputados e 100 senadores em 41 distritos eleitorais. Os partidos que obtiveram menos de 5% dos votos e as coligações com menos de 8% de apoio ficam sem representação parlamentar.

Leia Também: Polónia. Líder da oposição Donald Tusk declara vitória nas legislativas

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