Sucesso de Putin em Pequim e Ásia animam Rússia isolada do Ocidente
O acolhimento do Presidente russo Vladimir Putin em Pequim e a pujança económica chinesa e asiática são apontadas pela imprensa russa como um sucesso para o país, que enfrenta sanções dos países ocidentais devido à invasão da Ucrânia.
© Zhang Yao/VCG via Getty Images
Mundo Rússia
No regresso de Putin a Moscovo, depois de participar no 3.º Fórum da Iniciativa Faixa e Rota em Pequim e de um longo encontro com o Presidente chinês, Xi Jinping, a imprensa russa de hoje apresenta a Ásia como uma fonte de oportunidades para a Rússia.
Na viagem de regresso, o vice-primeiro-ministro Alexander Novak "garantiu" ao diário Izvestia que "os mercados de combustíveis asiáticos vão crescer sem parar", permitindo a exportação daquele que é o principal produto da economia russa.
"A Ásia, toda ela, está a desenvolver-se rapidamente", disse Novak, apontando a China como o centro de gravidade económico da região.
"De acordo com todas as estimativas de reconhecidos especialistas, na próxima década a economia asiática crescerá a um ritmo superior à média mundial, mais do que a da Europa e a dos Estados Unidos da América. Torna-se claro, por conseguinte, que o consumo de energia aumentará nesta região", disse Novak.
Também no regresso, Vladimir Putin falou de "complementaridade" entre os projetos globais de infraestruturas russo, Grande Parceria Eurasiática, e chinês, Faixa e Rota.
"Estamos interessados na iniciativa chinesa Faixa e Rota. Trabalharemos no mesmo sentido, não há competição entre nós", disse Putin.
Citado na quarta-feira pela agência noticiosa oficial Xinhua, o líder chinês elogiou o estado das relações entre os dois países e sublinhou que a "confiança política está a aprofundar-se de forma constante", com uma "coordenação estratégica estreita e eficaz e o comércio bilateral em máximos históricos".
"Encontrámo-nos 42 vezes nos últimos dez anos. Desenvolvemos uma boa relação de trabalho e uma profunda amizade", afirmou.
O líder russo viajou para a China apesar do mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra este, pela deportação ilegal de crianças ucranianas.
"A confiança política mútua está a aprofundar-se de forma constante e a cooperação estratégica é eficaz e estreita. O comércio bilateral atingiu máximos históricos, caminhando firmemente para o objetivo que estabelecemos de 200 mil milhões de dólares por ano", acrescentou o líder chinês.
Recordando que no próximo ano se assinala o 75.º aniversário desde o estabelecimento das relações entre os dois países, Xi disse que Pequim quer "enriquecer ainda mais a cooperação bilateral", refletindo a "responsabilidade" de China e Rússia enquanto potências, e continuar a contribuir para a modernização dos nossos dois países", afirmou o líder chinês.
Em Pequim, Putin manteve longas negociações com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que defendeu de acusações de ser "pró-Rússia" por regularmente se opor ao apoio à Ucrânia prestado pela União Europeia.
"Trata-se de um disparate, pois [Orbán] não tem sentimentos pró-Rússia. Ele não é um político pró-Rússia, é um político pró-Hungria. Atacam-no, principalmente, devido à posição que assume, porventura, diferente da de outros líderes (...), mas porque tem a coragem de defender os interesses do seu povo, coragem que muitas figuras políticas na Europa de hoje não têm, não têm. Têm inveja e atacam-no", sublinhou Putin.
Também na viagem de regresso, o Presidente russo disse aos jornalistas que havia informado Xi sobre a situação na Ucrânia.
Segundo o Izvestia, a "retórica" europeia está a mudar e já ninguém sonha em derrotar a Rússia no campo de batalha, uma opinião manifestada pelo Presidente.
"Hoje em dia, [os europeus] já falam noutro tom, dizem que esses problemas devem ser resolvidos através de negociações pacíficas. Esta é a transformação que se esperava, a transformação no caminho certo. Até já o senhor [Josep] Borrell (alto representante europeu para os Negócios Estrangeiros) fala nisso, motivo para elogiá-lo", observou o líder russo.
"No entanto, isto não é suficiente, é necessário tomar medidas concretas", frisou. "A Ucrânia, por exemplo, deve admitir falhas óbvias (...). O problema é que ela só o fará com a permissão do Ocidente", adiantou o líder russo.
A China tem servido como 'tábua de salvação' de Moscovo, após a invasão da Ucrânia. O país asiático é agora o principal parceiro comercial e aliado diplomático da Rússia.
O líder russo viajou para a China com uma grande delegação de altos funcionários, incluindo dois vice-primeiros-ministros e responsáveis pelos negócios estrangeiros, desenvolvimento económico, transportes ou finanças.
Pequim considera a parceria com a Rússia fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a sua relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão, marcada por disputas em torno do comércio e tecnologia ou diferendos em questões de Direitos Humanos, o estatuto de Hong Kong ou Taiwan e a soberania dos mares do Sul e do Leste da China.
Poucas semanas antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, Putin e Xi declararam, em Pequim, uma amizade "sem limites".
A China recusou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e criticou a imposição de sanções internacionais contra Moscovo.
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