Rússia a executar soldados que recusam ordens para combater, dizem EUA

As forças russas estão a "executar soldados" que tentam recuar de uma nova ofensiva sangrenta no leste da Ucrânia, onde estão a sofrer perdas significativas, afirmou hoje a Casa Branca.

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Lusa
26/10/2023 20:54 ‧ 26/10/2023 por Lusa

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"Temos informações de que os militares russos estão a executar soldados que se recusam a obedecer a ordens", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, em conferência de imprensa.

O responsável norte-americano indicou que Washington está também em posse de informações de que "os comandantes russos estão a ameaçar executar unidades inteiras se tentarem escapar ao fogo da artilharia ucraniana", embora não tenha fornecido detalhes nem a forma com estes dados chegaram a Washington.

A cidade industrial de Avdiivka, localizada na província de Donetsk, tem sido alvo nas últimas semanas de intensos ataques por parte das tropas russas, que procuram cercá-la à custa de pesadas perdas.

"O exército russo parece estar a usar o que chamaríamos de táticas de ondas humanas", nas quais centenas ou mesmo milhares de combatentes se movem em direção a um único ponto simultaneamente, criando um efeito de massa que é difícil de ser contido pelos inimigos, declarou Kirby, dando conta de numerosas baixas de soldados de Moscovo.

"Não é, portanto, surpreendente que as forças russas estejam afligidas por um moral baixo", argumentou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

As informações divulgadas pela Casa Branca surgem no mesmo dia em que as forças ucranianas reclamaram cinco mil baixas das tropas de Moscovo nas últimas duas semanas junto às localidades de Avdiivka e Maryinka, e igualmente indicando que soldados russos estão a recusar-se a combater.

"Desde 10 de outubro, o inimigo perdeu mais de cinco mil pessoas nos setores Avdiivka e Maryinka, entre mortos e feridos [em combate]. Também podemos dizer que o número de veículos blindados [russos perdidos] se aproxima de 400", disse o porta-voz das forças de defesa ucranianas, Oleksandr Stupun, citado pelo diário digital ucraniano Euromaidan.

Stupun afirmou que as forças russas estão a tentar retirar e redistribuir reservas de outras áreas e dirigi-las para o setor de Avdiivka, mas, em particular, os combatentes das unidades Storm-Z, referiu o porta-voz, recusam-se a lutar.

Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede em Washington, e que monitoriza a evolução da situação militar na Ucrânia, as tropas russas continuavam a conduzir operações ofensivas perto de Avdiivka na quarta-feira e registaram avanços.

Nesse mesmo dia, foram divulgadas declarações do ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, durante uma inspeção a um posto de comando no leste da Ucrânia, afirmando que o seu exército está a esgotar as forças armadas ucranianas

"A situação atual mostra que o inimigo tem cada vez menos oportunidades. E estas continuarão a ser reduzidas graças aos vossos excecionais esforços de combate", afirmou Shoigu aos soldados na região de Donetsk, segundo o Ministério da Defesa, que não indicou a data da visita.

Na terça-feira, Mykhailo Podolyak, conselheiro do Gabinete do Presidente da Ucrânia, disse que as forças ucranianas continuavam a resistir às fortes investidas russas e que a batalha de Avdiivka era decisiva.

"Houve muitas, mas penso que esta [Avdiivka] é uma das mais importantes. É a última tentativa da Rússia de tomar a iniciativa na frente", disse o conselheiro.

O chefe da administração militar ucraniana na área, Vitali Barabash, confirmou no mesmo dia que os russos estavam "a mobilizar grandes forças de infantaria e blindados".

"As perdas são brutais, mas isso não os impede. O assalto continua. Avançam como loucos, caem às dezenas e depois de um tempo voltam. São muitos", comentou.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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