Guterres "chocado" com bombardeamento em campo de refugiados de Gaza
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, está chocado com o bombardeamento israelita no campo de refugiados de Jabalia, em Gaza, que causou dezenas de mortos, disse seu porta-voz.
© Lusa
Mundo Israel/Palestina
"O secretário-geral está chocado com a escalada da violência em Gaza, causando a morte de palestinianos, incluindo mulheres e crianças, em ataques aéreos israelitas em áreas residenciais do densamente povoado campo de refugiados de Jabalia", disse o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, no seu 'briefing' diário à imprensa.
Dezenas de palestinianos foram mortos no bombardeamento de terça-feira no maior campo de refugiados da Faixa de Gaza, um ataque que o exército israelita confirmou, indicando que visava um dos responsáveis pelo ataque do Hamas de 07 de outubro.
Já esta quarta-feira, a defesa civil de Gaza anunciou que o exército israelita tinha voltado a atacar o campo de refugiados e que este novo bombardeamento tinha "matado famílias inteiras".
"O secretário-geral reitera que todas as partes devem respeitar o direito internacional humanitário, incluindo os princípios da diferenciação, da proporcionalidade e da precaução" e "condena nos termos mais fortes a morte de civis", acrescentou Dujarric, repetindo que "todas as partes devem pôr fim a esta violência e sofrimento chocantes" e reclamando a libertação dos reféns pelo Hamas.
O chefe de assuntos humanitários da ONU, Martin Griffiths, também já havia condenado o bombardeamento do campo de refugiados de Jabalia, descrevendo-o como "a última atrocidade a atingir o povo de Gaza".
"Esta é simplesmente a última atrocidade a atingir o povo de Gaza, onde os combates entraram numa fase ainda mais aterradora, com consequências humanitárias cada vez mais terríveis", afirmou o responsável em comunicado, sublinhando que "a incapacidade de atuar agora terá consequências muito além da região" e que esta "é uma crise global".
"Em Gaza, mulheres, crianças e homens estão a morrer de fome, traumatizados e mortos pelos bombardeamentos. Perderam toda a fé na humanidade e toda a esperança no futuro", insistiu Martin Griffiths, no regresso de uma viagem a Israel e à Cisjordânia, reiterando a sua condenação dos ataques "brutais" do Hamas de 07 de outubro.
Mais de 8.500 pessoas foram mortas e milhares de outras ficaram feridas nos bombardeamentos com que Israel retaliou o ataque desencadeado pelo Hamas, considerado como uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia e que controla Gaza desde 2007, quando expulsou do território o partido Fatah, que governa a Cisjordânia.
"Entretanto, o mundo parece incapaz ou mesmo sem vontade de atuar. Isto não pode continuar", frisou Griffiths, apelando a "repetidas pausas humanitárias" nos combates para permitir a entrada de mais ajuda humanitária e para que o Hamas liberte os reféns.
O chefe da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), Philippe Lazzarini, conseguiu viajar hoje para Gaza, através do ponto de passagem de Rafah, disse Stéphane Dujarric.
Lazzarini é "o funcionário de mais alto escalão da ONU autorizado a entrar em Gaza desde o início da guerra", acrescentou.
A UNRWA, agência da qual dezenas de funcionários foram mortos nos ataques israelitas, sublinhou a necessidade de combustível em Gaza e de "mais ajuda humanitária".
No total, 217 camiões de ajuda entraram em Gaza através da passagem de Rafah desde 21 de outubro, disse Stéphane Dujarric, em comparação com cerca de 500 camiões que entravam no enclave diariamente antes de 7 de 0utubro.
Israel tem lançado ataques aéreos contra Gaza desde 07 de outubro, quando militantes do Hamas atacaram aldeias e postos militares israelitas, matando cerca de 1.400 pessoas e fazendo 240 reféns.
As forças israelitas também intensificaram as suas operações na Cisjordânia, ocupada desde a guerra árabe-israelita de 1967.
[Notícia atualizada às 17h46]
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