O chefe de Estado não mencionou especificamente a China nos seus comentários de abertura na primeira Cimeira de Líderes da Parceria das Américas para a Prosperidade Económica, mas aludiu abertamente ao país que emergiu como principal rival geopolítico dos Estados Unidos e que ofereceu empréstimos a países do hemisfério ocidental.
"Queremos garantir que os nossos vizinhos mais próximos saibam que têm uma escolha real entre a diplomacia da 'armadilha da dívida' e abordagens transparentes e de alta qualidade para infraestruturas e desenvolvimento", disse Biden.
"Ao combinar o compromisso do Governo dos Estados Unidos de mitigar o risco de investimento com a agilidade do financiamento do setor privado, acreditamos que podemos proporcionar ganhos para os trabalhadores e famílias em toda a região", acrescentou.
Entre os outros temas discutidos na cimeira estão as migrações, as cadeias de abastecimento e os esforços orientados para a sustentabilidade ambiental.
Participaram em eventos da cimeira, além de Biden, autoridades de Barbados, Canadá, México, Chile, Colômbia, República Dominicana, Costa Rica, Equador, Peru, Uruguai e Panamá.
O evento de hoje foi anunciado no ano passado, na Cimeira das Américas em Los Angeles. O foco no comércio surge num momento em que a concorrência se intensifica entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo.
Biden, um Democrata, forneceu incentivos governamentais para a construção de infraestruturas nos Estados Unidos e para as empresas construírem novas fábricas. Mas após a pandemia de covid-19 ter perturbado a produção e o transporte marítimo global, tem havido também um esforço para diversificar o comércio e reduzir a dependência da indústria chinesa.
Em 2022, os EUA exportaram 1,2 biliões de dólares (1,1 biliões de euros) em bens e serviços para outros países do hemisfério ocidental, de acordo com o representante comercial dos Estados Unidos. Também importou o mesmo valor em bens e serviços desses países, mas a maior parte desse comércio foi com o Canadá e México.
Em contrapartida, os EUA importaram 562,9 mil milhões de dólares (524,3 mil milhões de euros) em bens e serviços da China no ano passado.
A secretária do Tesouro, Janet Yellen, descreveu os objetivos do Governo de Biden num discurso na quinta-feira no Banco Interamericano de Desenvolvimento. Os EUA querem diversificar as cadeias de abastecimento com "parceiros e aliados de confiança", uma estratégia que, segundo Yellen, tem um "enorme potencial benefício para impulsionar o crescimento na América Latina e nas Caraíbas".
Yellen - que fala regularmente sobre a sua estratégia de 'friendshoring' para aumentar a resiliência da cadeia de abastecimento, trabalhando principalmente com nações amigas, em oposição a rivais geopolíticos como a China - expôs a sua visão de novos investimentos dos EUA na América do Sul no banco de desenvolvimento.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento, que é o maior credor multilateral da América Latina, apoiaria novos projetos através de subvenções, empréstimos e novos programas, sendo que os EUA são o maior acionista do banco, com 30% dos direitos de voto.
Cada vez mais, os decisores políticos norte-americanos têm manifestado preocupação com a influência da China nesse banco. Embora a superpotência asiática detenha menos de 0,1% dos direitos de voto, detém grande peso económico em alguns dos 48 países membros do banco.
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