"Sucesso". Presidente chinês quer Austrália como "parceiro de confiança"
O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu hoje que a China e a Austrália podem ser "parceiros de confiança", ao receber em Pequim o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese.
© Getty Images
Mundo China
O encontro entre Xi e Albanese simbolizou o descongelamento das relações diplomáticas após anos de tensões que travaram o comércio bilateral.
Os dois países "não têm queixas ou disputas históricas, nem conflitos de interesse fundamentais. E podem verdadeiramente tornar-se parceiros de confiança e ter sucesso em conjunto", afirmou Xi, citado pela emissora estatal CCTV.
Os dois líderes encontraram-se em Pequim no âmbito da visita oficial que Albanese efetua à China.
O gigante asiático é o principal parceiro económico de Camberra, mas os laços bilaterais deterioraram-se fortemente.
Em 2018, o anterior Governo australiano excluiu o grupo privado chinês Huawei da rede 5G do país.
Dois anos depois, Camberra pediu um inquérito internacional sobre as origens do vírus da covid-19, uma iniciativa que Pequim considerou politicamente motivada.
As relações foram também afetadas por disputas sobre alegadas operações de influência chinesa na Austrália.
Em resposta, a China impôs direitos aduaneiros elevados sobre as principais exportações australianas, como a cevada, a carne de bovino e o vinho.
Pequim também deixou de comprar grandes quantidades de matérias-primas à Austrália, incluindo carvão, privando o país de milhares de milhões de dólares em receitas.
Muitas das restrições comerciais foram gradualmente levantadas desde que os trabalhistas de Albanese regressaram ao poder em maio de 2022.
Xi disse a Albanese que Pequim espera "desenvolver plenamente o potencial do Acordo de Comércio Livre China-Austrália e cooperar em novas áreas, incluindo as alterações climáticas e a economia verde".
"Enquanto alguns estão a tentar causar problemas na região da Ásia-Pacífico, devemos primeiro permanecer vigilantes e depois combatê-los", disse o líder chinês, segundo a agência francesa AFP.
Albanese é o primeiro líder australiano a visitar a China em mais de sete anos.
No início do encontro, saudou o desenvolvimento "inquestionavelmente muito positivo" das relações bilaterais, segundo comentários transmitidos pela televisão pública australiana ABC.
"O comércio é mais livre e isso beneficia os nossos dois países", afirmou Albanese.
Apesar do descongelamento, Albanese disse no mês passado que os dois países não estavam estrategicamente alinhados e que tinham histórias e valores diferentes.
"Devemos cooperar com a China sempre que possível" e "discordar quando necessário", afirmou à imprensa na segunda-feira.
A China também critica o pacto de segurança Aukus, assinado pela Austrália com os Estados Unidos e o Reino Unido, que inclui o fornecimento de submarinos de propulsão nuclear a Camberra.
Em outubro, a China libertou a jornalista australiana Cheng Lei, que trabalhava para a emissora pública chinesa de língua inglesa CGTN e estava detida há mais de três anos, acusada de "divulgar segredos de Estado no estrangeiro".
A libertação reacendeu as esperanças dos filhos do escritor australiano Yang Jun, que está preso na China desde 2019.
Na quarta-feira, pediram ao primeiro-ministro australiano que levantasse a questão durante a viagem a Pequim.
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