Candidatos republicanos defendem em debate que Israel "acabe com o Hamas"

O terceiro debate para as primárias republicanas dos EUA foi marcado pelo consenso dos candidatos em defender que Israel "acabe com o Hamas", mas pela falta de união em relação ao apoio à Ucrânia.

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Lusa
09/11/2023 06:22 ‧ 09/11/2023 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

Com a política externa a dominar mais de metade do debate de duas horas, os cinco candidatos republicanos que subiram ao palco em Miami apressaram-se a alinhar-se com Telavive e a apoiar firmemente o cerco a Gaza - que já resultou na morte de mais de 10 mil palestinianos.

O governador da Florida, Ron DeSantis, instou o Governo de Benjamin Netanyahu a "acabar de uma vez por todas com os carniceiros do Hamas", e denunciou os críticos da invasão de Israel, afirmando estar "farto de ouvir pessoas a culparem Israel por se defender".

Também a antiga embaixadora norte-americana na ONU Nikki Haley disse que Israel deve destruir o Hamas e que os Estados Unidos devem fornecer a Televive "tudo o que precisar".

"A última coisa que precisamos fazer é dizer a Israel o que fazer. A única coisa que deveríamos fazer é apoiá-los na eliminação do Hamas", frisou, defendendo que a solução passa por aniquilar as infraestruturas do movimento islamita - considerado um grupo terrorista pelos EUA - para que não voltem a atacar novamente Israel.

Posição semelhante foi defendida pelo senador Tim Scott, da Carolina do Sul, que acrescentou que os EUA precisam de "cortar a cabeça da cobra", referindo-se ao Irão.

Apesar de salientar a necessidade de derrotar o Hamas e de que Israel tem o direito de proteger o seu povo, o ex-governador de Nova Jérsia Chris Christie destacou-se dos restantes candidatos ao criticar os líderes e agências de inteligência israelitas por não terem antecipado o brutal ataque do Hamas.

Já o empresário Vivek Ramaswamy adotou uma posição mais isolacionista sobre esta questão ao dizer que apoia a operação de Israel, mas que quer que os EUA assumam um papel mais limitado no conflito.

"Quero ter cuidado para evitar cometer os erros do 'establishment' neoconservador do passado", disse Ramaswamy. 

Na sequência do conflito no Médio Oriente, foram levantadas questões sobre o aumento da islamofobia e do antissemitismo em solo norte-americano, nomeadamente em alguns campus universitários, com vários candidatos a prometer consequências para alunos que ataquem judeus.

Scott defendeu a deportação de alunos que estejam nos EUA com visto de estudantes e que incentivem o "genocídio judaico".

Também DeSantis afirmou que o dinheiro dos impostos não deveria ser destinado ao financiamento da "jihad" nos campus universitários.

Já Haley disse que o antissemitismo é tão terrível quanto o racismo e comparou os manifestantes anti-Israel à organização de supremacia branca Ku Klux Klan.

Num panorama mais amplo, há poucas divergências entre os republicanos sobre o apoio às ações de Israel em Gaza, porém o partido encontra-se dividido face à Ucrânia.

Scott indicou que apoia mais financiamento para Kiev, porque isso está a degradar as forças armadas da Rússia, mas acusou o Presidente norte-americano, Joe Biden, de não garantir que o dinheiro esteja a ser usado de maneira adequada.

Em sentido contrário, Ramaswamy teceu duras criticas à Ucrânia, afirmando que o país não é um "modelo de democracia".

Tendo em conta a resposta do empresário, Nikki Haley disse que os Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, estariam a "salivar" com a ideia de que Ramaswamy poderia ser Presidente dos EUA, e defendeu que o país devia dar a Kiev o equipamento militar necessário para vencer a guerra.

Uma forte opositora do isolacionismo, a ex-embaixadora sublinhou que os EUA não podem achar que não precisam de "amigos".

Por sua vez, Christie sustentou que apoiar a Ucrânia não se trata de uma "escolha" para os EUA, mas sim algo que se espera do país que é "líder do mundo livre". 

O ex-governador observou ainda que os EUA prometeram defender a Ucrânia na década de 1990 caso desistisse das suas armas nucleares e advogou que Washington deve cumprir essa promessa.

Já DeSantis prometeu que, sob o seu comando, tropas norte-americanas não seriam enviadas para a Ucrânia. No entanto, declarou que enviaria tropas para a fronteira sul dos EUA para impedir a imigração ilegal.

Um dos momentos mais tensos da noite aconteceu quando Vivek Ramaswamy troçou de Nikki Haley por prometer banir a rede social chinesa TikTok, mas, ao mesmo tempo, permitir que a sua filha usasse a aplicação. 

"Deixe a minha filha fora disto. Você é apenas uma escória", disse a ex-embaixadora, visivelmente irritada.

Outro dos temas abordados neste terceiro debate Republicano foi o aborto, que na noite anterior garantiu ao Partido Democrata bons resultados nas eleições para governos e parlamentos locais e estaduais.

Observando que leis restritivas ao aborto não estão a revelar-se populares entre os eleitores, os candidatos republicanos mostraram-se cautelosos na forma de abordar a questão, apesar de todos se terem manifestado como "pró-vida".

Haley, a única mulher candidata do Partido Republicano, diz ser assumidamente pró-vida por questões pessoais, mas assegurou que não julga ninguém por ser a favor da interrupção da gravidez.

Scott acabou a desafiar Haley e DeSantis a apoiar uma proibição federal do aborto depois das 15 semanas. 

Com cinco candidatos presidenciais apurados para este terceiro debate, o grande ausente da noite foi o ex-presidente norte-americano Donald Trump, que optou por faltar ao evento pela terceira vez consecutiva.

Candidato favorito nas primárias do seu partido, Trump esteve à mesma hora num comício no sul da Florida, mas nem assim deixou de ser criticado pelos seus rivais que subiram ao palco do Adrienne Arsht Center, no centro de Miami.

Leia Também: Netanyahu reitera que não aceita cessar-fogo "sem libertação" de reféns

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