ONU recusa "empurrar palestinianos" para o sul de Gaza
O subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, recusou hoje que a organização contribua para "empurrar os palestinianos para o sul de Gaza", numa alusão a corredores de evacuação temporários criados por Israel.
© REUTERS/Carlo Allegri
Mundo Israel/Palestina
Paris, 09 nov 2023 (Lusa) -- O subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, recusou hoje que a organização contribua para "empurrar os palestinianos para o sul de Gaza", numa alusão a corredores de evacuação temporários criados por Israel.
Griffiths disse que a ONU "não esteve envolvida na chegada de pessoas deslocadas a qualquer zona dita segura em Gaza", ao intervir no Fórum da Paz que se realiza em França sobre a situação humanitária na Faixa de Gaza.
O grupo islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, acusou na quarta-feira a ONU de conivência com Israel na deslocação forçada de civis na Faixa de Gaza.
Desde a ofensiva contra a Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em Israel em 07 de outubro, o exército israelita tem pedido à população do norte do enclave para se dirigir para sul.
O objetivo é atacar as estruturas do Hamas, que Israel diz estarem concentradas no norte, incluindo na cidade de Gaza.
O Hamas tem acusado Israel de bombardear também o sul da Faixa de Gaza, onde supostamente as pessoas do norte estariam em segurança.
O subsecretário-geral da ONU alertou para as preocupações sobre a segurança da população deslocada.
"Em nome da comunidade humanitária que represento, posso dizer-vos que existem preocupações quanto à segurança dos civis nas chamadas zonas seguras se não houver acordo entre todas as partes sobre a sua criação", afirmou.
Griffiths disse que não há condições satisfatórias em qualquer parte de Gaza "para garantir um refúgio, alimentos, água, saneamento e saúde adequados".
Por isso, defendeu a necessidade de um cessar-fogo humanitário para "garantir a proteção de todos os civis em Gaza".
A diretora da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), Isabelle Defourny, alertou na conferência que as chamadas zonas seguras são "falsas zonas seguras" e afirmou que 30% dos mortos se encontram no sul do país.
O chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês)), Philippe Lazzarini, disse que a ONU "nunca registou tantas mortes em tão pouco tempo durante um conflito".
"Vamos pedir ajuda para entrar em Gaza porque, neste momento, só entram alguns camiões por dia" afirmou.
A UNRWA fornece educação, saúde e serviços sociais, microfinanciamento, melhorias nos campos e assistência de emergência a milhões de refugiados que vivem na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, no Líbano e na Síria.
Os serviços destinam-se aos mais necessitados entre os refugiados, palestinianos que foram obrigados a abandonar a terra natal aquando da criação do Estado de Israel em 1948.
Juntamente com os descendentes, constituem hoje cerca de 80% dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza.
De acordo a UNRWA, 89 dos seus funcionários foram mortos na Faixa de Gaza desde o início da ofensiva militar israelita que se seguiu ao ataque do Hamas.
O ataque do Hamas causou mais de 1.400 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo Israel.
Os bombardeamentos israelitas contra a Faixa de Gaza mataram mais de 10.500 pessoas, de acordo com o Hamas.
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