"Os responsáveis pelo projeto negligenciaram, em muitas ocasiões, a utilização da devida diligência e de técnicas avançadas de levantamento, como o radar de penetração no solo, mesmo quando os membros da comunidade local alertaram de forma clara que existiam sepulturas na área de trabalho proposta", lê-se no relatório citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).
"Muitos grandes projectos de infraestruturas utilizam esta tecnologia para identificar potenciais impedimentos à construção, tais como artefactos culturais ou locais de sepulturas que requerem uma escavação cuidadosa", salienta-se ainda no relatório, que se junta a diversos estudos e críticas sobre o projeto liderado pela TotalEnergies.
A TotalEnergies negou todas as acusações, afirmando que está a utilizar técnicas avançadas, incluindo perfuração horizontal, para minimizar os danos ecológicos, mas o relatório da GreenFaith afirma que, para além das preocupações com o clima e os direitos humanos, o gasoduto é um "ataque espiritual" às comunidades locais.
O projeto do oleoduto prevê a passagem por sete reservas florestais e dois parques de caça, correndo ao longo do Lago Vitória, uma fonte de água doce para 40 milhões de pessoas.
A licença foi atribuída pelo Governo do Uganda, em janeiro, ao consórcio East African Crude Oil Pipeline Company Ltd (EACOP), detido em 62% pelo gigante francês TotalEnergies.
A TotalEnergies anunciou em fevereiro um acordo de investimento de 10 mil milhões de dólares (cerca de 9,2 mil milhões de euros) com o Uganda, a Tanzânia e a empresa chinesa CNOOC (China National Offshore Oil Corporation), incluindo a construção de um oleoduto de 1.443 quilómetros ligando os depósitos do lago Alberto, no oeste do Uganda, à costa da Tanzânia, no oceano Índico.
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