"Hoje e amanhã vamos ouvir a vontade dos cidadãos que me apoiaram"

Parlamento de Espanha inicia hoje uma sessão de dois dias que culminará, previsivelmente, com a reeleição do socialista Pedro Sánchez como primeiro-ministro

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© Reuters/Susana Vera

Notícias ao Minuto com Lusa
15/11/2023 11:03 ‧ 15/11/2023 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Espanha

Pedro Sánchez enfrenta, esta quarta-feira, o primeiro dia do debate de investidura do qual sairá, uma vez mais, como Presidente do Governo.

À sua chegada ao Congresso, Sánchez, foi aplaudido de pé pela grande maioria dos presentes. 

O líder do PSOE começou por se referir aos que nos últimos dias se têm manifestado nas ruas, referindo que esta é uma forma de democracia, de mostrar as suas posições. "Aos que se manifestaram de maneira pacífica, demonstro-lhes o meu respeito e reconhecimento", disse.

"Hoje vamos escutar e  acatar a vontade da maioria dos espanhóis", prosseguiu, lembrando os resultados das eleições de julho deste ano.

"Hoje e amanhã vamos ouvir os 25 milhões de cidadãos que me apoiaram nas eleições de 23 de julho. Vamos ouvir a vontade dos cidadãos através dos seus representantes, como estipula a Constituição", prosseguiu.

Guerra no Médio Oriente e o apoio a Israel

Sanchéz dedicou a primeira parte do seu discurso à guerra israelo-palestiniana assumindo um dos seus primeiro compromissos políticos: reconhecer o estado palestiniano. 

"Estamos ao lado de Israel na condenação do ataque ao pais. Exigimos a libertação imediata dos reféns, mas também rejeitamos o assassinato indiscriminado de palestinianos em Gaza e na Cisjordânia e defendemos a entrada da ajuda humanitária necessária", disse.

Ataque "às direitas retrógadas"

Sánchez prosseguiu defendendo a imagem internacional de Espanha e defendendo que os partidos de extrema-Direita não ajudam à evolução do país. 

"O nosso país tem vindo a recuperar gradualmente o peso internacional que nos faltou nos últimos anos. Atualmente, a Espanha é vista por muitos dos países vizinhos como um parceiro fiável e empenhado em enfrentar os grandes desafios da humanidade", afirmou, mas sem se esquecer das incertezas do futuro.

"Quero dizer aos cidadãos que estão a acompanhar este debate que estou consciente de que todas estas transformações provocam um sentimento de impotência em grandes sectores da população, que se sentem desamparados perante mudanças tão perturbadoras e vertiginosas". Perante esta situação, o governante propôs "reforçar o Estado social, alargar a rede de proteção social. Exatamente o contrário dos cortes e do desmantelamento do sector público".

"Ou a democracia responde com segurança ou o sentimento legítimo de insegurança social de muitos cidadãos em consequência das revoluções em curso transformar-se-á em raiva que alimentará propostas políticas que acabarão por minar a própria democracia. Refiro-me obviamente às propostas reaccionárias que se cristalizam em formações políticas de extrema-direita que põem em causa a democracia e os direitos humanos", atirou.

Este defendeu, ainda, "mais quotas de liberdade, de direitos e de justiça social" e avanços nas políticas feministas, LGTBi e de imigração face a "uma direita que transpira elitismo classista, que nega as conquistas dos direitos laborais, que despreza quem ama de forma diferente da sua, que impõe uma forma de ser espanhol". "Somos tão espanhóis como vocês, não somos menos espanhóis", afirmou.

 

Acompanhe o debate em direto aqui:

 

Sánchez deverá ser empossado amanhã, quinta-feira, na primeira votação - para a qual necessita de maioria absoluta - como presidente do Governo, com o apoio dos deputados do seu partido, Sumar, ERC, Junts, PNV, EH Bildu, BNG e Coalición Canaria. No total, espera-se que obtenha 179 votos, mais três do que a maioria absoluta (176). 

A polémica amnistia

Quanto ao tema mais polémico, o socialista justificou a amnistia de independentistas catalães como a via para recuperar a convivência entre os espanhóis e também a forma de garantir um governo "de progresso" em Espanha face à ameaça da "direita reacionária".

Sánchez insistiu que desde que o PSOE assumiu o governo, em 2018, o caminho do "reencontro e do diálogo", que já passou por indultos a separatistas condenados que estavam presos, provou dar frutos e não houve nestes cinco anos incumprimento da Constituição em qualquer região de Espanha.

"A convivência voltou às ruas da Catalunha" e "o diálogo voltou às instituições", destacou, sublinhando o argumento do PSOE de que a amnistia é a forma de levar de novo os independentistas catalães a fazerem políticas dentro das instituições e da moldura constitucional.

Recorde-se que o PSOE vai assumir o governo em coligação com o Somar, uma plataforma de 15 partidos e movimentos à esquerda dos socialistas, liderada pela atual ministra do Trabalho, Yolanda Díaz.

Nas últimas semanas, o PSOE fechou ainda acordos com mais seis partidos para conseguir garantir a viabilização do novo governo pelo parlamento: Coligação Canária (CC), Bloco Nacionalista Galego (BNG), Juntos pela Catalunha (JxCat), Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), EH Bildu (do País Basco) e Partido Nacionalista Basco (PNV, na sigla em espanhol).

Estes apoios garantem a Sánchez, à partida, o 'sim' de uma maioria absoluta de 179 deputados na reeleição como primeiro-ministro, contra o 'não' já anunciado de 171 parlamentares de direita e extrema-direita, numa votação que ocorrerá na quinta-feira.

Os acordos que o PSOE assinou com os dois partidos catalães são os mais polémicos, por incluírem uma amnistia para as pessoas envolvidas no movimento independentista da Catalunha entre 2012 e 2023, que teve como auge uma declaração unilateral de independência em outubro de 2017.

A amnistia é contestada pelos partidos de direita e diversas entidades e setores, incluindo juízes e procuradores, que alertaram para a possibilidade de um ataque ao princípio da separação de poderes, à independência da Justiça e ao estado de direito.

[Notícia atualizada às 15h07]

Leia Também: Parlamento espanhol inicia debate de dois dias para reeleição de Sánchez

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