Os alertas soam no Brasil, que nos últimos dias tem sofrido com a passagem de uma forte onda de calor. A zona do Pantanal, por exemplo, está a ser fustigada por vários incêndios de grandes dimensões, lamentando as autoridades a morte de vários animais e de fauna.
O fogo consumiu já mais de 1 milhão de hectares de área neste ano, o triplo do espaço queimado na mesma zona em todo o ano de 2022, lê-se no portal G1, da Globo, que garante que este é o mês de o novembro com mais focos de incêndio (3.024) desde 2002.
"O Pantanal era um bioma que tinha muito animal, hoje a gente chega nesses pontos e está até difícil de encontrar animais vivos. Infelizmente o que a gente está vivenciando aqui é um cemitério a céu aberto. A fauna e a flora vêm pagando com a vida esse preço dessa imprudência de nós, seres humanos", destacou o médico veterinário Anderson Fernandes Barreto, citado pelo G1.
A onda de calor faz-se sentir em todo o país, levando milhares a procurar refrescar-se nas praias, especialmente no caso do Rio de Janeiro.
Pode espreitar, na galeria que acompanha esta notícia, imagens dos efeitos da onda de calor que assola o Brasil, um pouco por todo o país.
Recentemente, recorde-se, no Rio de Janeiro a sensação térmica atingiu os 58,5º Celsius.
Altas temperaturas são consequência do fenómeno meteorológico El Niño
Núbia Beray, coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Geografia do Clima (GeoClima) da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Observatório do Calor, explicou à agência Lusa que as altas temperaturas registadas nos últimos dias no país na quarta onda de calor do ano, são consequência de um El Niño intenso e dos efeitos do aquecimento global.
Segundo a investigadora, há uma relação muito direta e já documentada entre estas duas grandes questões que explicam a subida das temperaturas nas regiões sudeste e centro-oeste do Brasil, que já provocaram uma sensação térmica de mais de 58 graus em bairros da cidade do Rio de Janeiro na última terça-feira e que deverá elevar hoje as temperaturas a patamares recorde em Brasília, Goiânia, São Paulo e Vitória, de acordo com a previsão do Inmet.
"A primeira explicação para essa onda de calor é o El Niño que nesse último trimestre, entre os meses de agosto, setembro e outubro, acabou se configurando como um El Niño forte", explicou a coordenadora do GeoClima e do Observatório do Calor.
"Neste momento temos um El Niño forte atuando no pacífico e temos as mudanças climáticas como os elementos chave para entendermos por que o Brasil está a registar recorde de temperatura e tem tido cada vez mais ondas de calor", acrescentou.
Leia Também: Onda de calor acentuada pelo El Niño atinge pico no Brasil