Participação e fiscalização dos votos podem influenciar eleição argentina

A taxa de participação, um feriado na segunda-feira e a fiscalização das urnas contra fraudes podem ser factores de desempate na renhida disputa eleitoral hoje na Argentina.

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© Juan Mabromata/AFP via Getty Images

Lusa
19/11/2023 07:29 ‧ 19/11/2023 por Lusa

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"A participação eleitoral no meio, prejudicada por um feriado, pode beneficiar o candidato Sergio Massa. E a falta de fiscalização pode prejudicar o candidato Javier Milei, uma força novata, sem experiência. Esses dois elementos podem definir a eleição quando uma disputa está tão tecnicamente empatada", disse à Lusa o consultor Jorge Giacobbe, uma referência no país.

Os argentinos vão escolher entre o ultraliberal Javier Milei e o peronista de centro-esquerda Sergio Massa, atual ministro da Economia, empatados em 22 sondagens.

A disputa voto a voto pode ser alterada por decisões do Governo e pela estrutura territorial do Peronismo, capazes de beneficiar o candidato Sergio Massa.

A maioria das sondagens aponta para uma vitória de Milei, mas dentro da margem de erro técnico. Se a participação do eleitorado for maior do que 70%, média dessas sondagens, Milei tem mais hipóteses de ser eleito. O contrário beneficia Massa.

"Isso porque o eleitorado de Massa, apoiado na estrutura do Peronismo, é mais consolidada. Além disso, os eleitores de Javier Milei, de classe média contrária ao Peronismo, podem viajar, aproveitando o feriado desta segunda-feira", disse Jorge Giacobbe, ou seja, passar o dia fora de casa e não votar.

O voto na Argentina é obrigatório, mas a multa para quem não comparecer equivale a 20 cêntimos de euro.

Nos principais centros turísticos do país, a média de ocupação nos hotéis é de 50%, um número baixo para um fim de semana seguido de feriado, mas relevante para uma jornada eleitoral.

A Câmara Nacional Eleitoral argentina sugeriu que o feriado fosse adiado para aumentar a participação dos eleitores, mas o Governo não avançou com a medida.

"Votam em Javier Milei pessoas de todas as classes, mas há predominância entre trabalhadores informais, jovens e homens. A esse voto, soma-se a classe média que votou, na primeira volta, em outras forças opositoras ao Peronismo. Já o perfil do voto em Sergio Massa é de identidade peronista e concentrado na periferia empobrecida de Buenos Aires", indicou à Lusa a analista Shila Vilker, da consultora Trespuntozero.

Outro ponto que pode incidir no resultado é a fiscalização. O sistema de votação na Argentina é arcaico e permite micro fraudes como roubo de células e compra de votos. Qualquer mínima vantagem, numa eleição renhida, pode definir o ganhador.

Para evitar fraudes, os partidos precisam de um ou dois fiscais próprios por cada uma das 104.577 mil mesas de voto, algo comum para o Peronismo, mas impossível para uma força política novata como a de Milei, que se apoia agora nos fiscais cedidos pelos novos aliados, a candidata derrotada Patricia Bullrich e o ex-Presidente Mauricio Macri.

"O Peronismo pode roubar uma eleição. Javier Milei vai precisar abrir uma vantagem de cinco ou seis pontos para superar o roubo que o Peronismo pode fazer nas urnas. Se roubarem apenas dois votos por cada mesa, terão conseguido um ponto de vantagem. Isso é crucial numa disputa tão renhida", advertiu Giacobbe.

O partido de Milei, A Liberdade Avança, pediu à Justiça Eleitoral que tome medidas para evitar irregularidades que incluem desde o roubo de cédulas ao conteúdo das urnas, passando pela adulteração de documentos da contabilidade.

O secretário da Câmara Eleitoral, Sebastián Schimmel, classificou as denúncias "de infundadas", gerando "desconfiança".

Às 21 horas locais (meia-noite em Lisboa), está prevista a divulgação dos primeiros resultados já com uma tendência.

A Câmara Nacional Eleitoral não descartou ser necessário esperar até estarem apurados 98,5% dos votos. Se a diferença for mínima, o resultado eleitoral pode ter de esperar a contagem definitiva, dias depois.

Leia Também: Argentina elege este domingo à 2.ª volta o próximo presidente

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