Moreira da Silva reconhece "total colapso" de infraestruturas em Gaza

O subsecretário-geral da ONU Jorge Moreira da Silva reconheceu hoje o "total colapso das infraestruturas" na Faixa de Gaza e lamentou a dimensão da catástrofe humanitária, com mais crianças mortas em cinco semanas do que nos últimos quatro anos.

Notícia

© Global Imagens

Lusa
23/11/2023 18:28 ‧ 23/11/2023 por Lusa

Mundo

Israel

"Nós estamos a assistir a um total colapso das infraestruturas em Gaza, mas [quando falamos em] infraestruturas não estamos a falar de cimento. Muitas vezes as pessoas associam infraestruturas a betão, a linhas de transmissão de eletricidade ou de telecomunicações. Não! As infraestruturas têm a ver com a vida das pessoas", sustentou o também o diretor executivo do Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos (UNOPS), em declarações em Bruxelas.

À margem de um fórum sobre infraestruturas ao serviço da sustentabilidade e resiliência das comunidades, realizado na capital belga, o subsecretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) referiu que os palestinianos na Faixa de Gaza "já estão a ser penalizados por bombardeamentos, mais de 13.000 pessoas morreram".

E frisou que a situação deteriorou-se ainda mais com o corte no acesso a serviços básicos.

"Não há água, não há eletricidade, não há medicamentos, não há condições para que se previna o alastramento de doenças, portanto, estamos a assistir a um total colapso das infraestruturas em Gaza com efeitos muito negativos sobre a vida das pessoas", prosseguiu.

E o subsecretário-geral da ONU responsável por projetos em mais de 85 países em desenvolvimento tem números para comprovar a dimensão da catástrofe no enclave palestiniano: "São números impressionantes, 50% das casas foram destruídas, mais de 10.000 casas destruídas, 51% das escolas foram destruídas, 140 infraestruturas de saúde foram destruídas, estamos a falar de uma destruição de infraestruturas civis que são essenciais ao suporte de vida, saúde, educação, habitação".

Entoando o apelo feito pelo secretário-geral das Nações Unidas, o também português António Guterres, Jorge Moreira da Silva insistiu na ideia de "não só garantir um cessar-fogo, mas também a abertura de corredores humanitários que assegurem a entrada em quantidade e em segurança da ajuda que é necessária".

"Os camiões que recebem a ajuda, que chegam de fora, não podem distribuir a ajuda porque não há combustível para que os camiões depois distribuam a ajuda dentro de Gaza. Faz sentido o argumento de que esse combustível estava a ser usado pelos terroristas? Isso é um argumento ao qual eu não adiro. Não adiro com a experiência prática da UNOPS. É evidente que eu não posso responder por outros projetos que envolveram combustíveis", completou.

O diretor executivo da UNOPS, responsável por assegurar projetos de infraestruturas de desenvolvimento em regiões e países com situações precárias, como o Afeganistão, Síria e a Ucrânia, lamentou o elevado número de crianças mortas pelos bombardeamentos de Israel, em resposta ao ataque de 07 de outubro perpetrado pelo movimento islamita palestiniano Hamas.

"Nunca morreram tantas crianças em tão pouco tempo num conflito, apenas em cinco semanas morreram mais crianças em Gaza do que em mais de quatro anos em todos os conflitos no mundo, mas além desta penalização da população civil em Gaza por via dos bombardeamentos, estamos a assistir também a uma forte restrição das suas condições de vida por acesso limitado a questões essenciais", destacou.

Ainda não há uma estimativa sobre os custos de uma futura reconstrução da Faixa de Gaza e Jorge Moreira da Silva não quis entrar na discussão sobre quem é que deve pagar, mas relevou um dado: "Gaza recuou 20% no índice de desenvolvimento humano em apenas quatro semanas, isto nunca foi visto".

Leia Também: Hezbollah intensifica ataques no norte e admite morte de 7 combatentes

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas