Governo israelita ameaça jornal crítico do regime com corte de relações

O Haaretz é um dos órgãos de comunicação que mais critica o executivo de Benjamin Netanyahu e é mais velho do que o próprio estado de Israel.

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© Gil Cohen-Magen/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
24/11/2023 08:52 ‧ 24/11/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Israel

O governo israelita ameaçou na quinta-feira o jornal Haaretz, uma das mais importantes e influentes publicações do país, por considerar que o jornal está a "sabotar Israel em tempo de guerra" ao ser crítico das medidas do regime, acusando-o de ser um "megafone inflamatório".

Shlomo Karhi, o ministro das comunicações israelitas e membro do Likud (o partido de Netanyahu), considera que tempos de guerra permitem maiores restrições à imprensa nacional e internacional e, numa carta divulgada nas redes sociais, avisou que o governo iria cancelar todas as subscrições ao jornal de todos os funcionários e instituições públicas - incluindo membros do exército, polícia, sistema prisional, ministérios , entre outros - e que iria proibir a divulgação de comunicados do governo no jornal.

Na carta aberta ao secretário do governo, Yossi Fuchs, Karhi afirmou que o Haaretz "mina os objetivos da guerra e menospreza o esforço militar e a sua força social".

"É possível que algumas das publicações do jornal ultrapassem os padrões criminais implementados em tempo de guerra pelo código penal", disse o ministro, apesar do próprio jornal constatar que o documento e a proposta não foram verificados por autoridades judiciais.

O Haaretz é conhecido por ser o jornal mais crítico das políticas de Benjamin Netanyahu e do seu executivo de extrema-direita, sendo a publicação mais próxima da esquerda israelita. A publicação é também declaradamente contra a ocupação da Cisjordânia e a favor de negociações de paz entre Israel e a Palestina - embora, na sua cobertura, não deixe de ser abertamente inclinada na defesa dos interesses israelitas sobre a comunidade árabe.

A fundação do periódico data de 1918, antes mesmo da fundação do estado de Israel, começando como um jornal promovido pelo mandato britânico na Palestina e passando, pouco depois, para as mãos de líderes sionistas que imigraram para a Palestina a partir da Rússia.

O jornal já reagiu às ameaças do ministro israelita e o 'publisher', Amos Schocken, apontou que "se o governo quer fechar o Haaretz, então é a altura de ler o Haaretz".

Já o sindicato dos jornalistas israelitas considerou que a proposta de Karhi é uma ameaça à liberdade de imprensa no país, notando que o governo tem passado o seu mandato em "tentativas falhadas de fechar a emissora pública e agora escolheu um novo alvo", acusando uma "medida populista sem lógica". "Apoiamos os jornalistas do Haaretz e estamos certos que continuarão a trabalhar para o benefício de Israel, e não serão dissuadidos pelas ameaças vazias e estúpidas do ministro".

Esta não é a primeira vez que o estado israelita procura limitar a cobertura noticiosa sobre a guerra, sendo conhecidas as várias limitações à divulgação de imagens captadas na Faixa de Gaza. A CNN Internacional revelou, há várias semanas, que o exército obrigou os jornalistas a assinar um documento que permitiria às forças israelitas validar as imagens captadas nas visitas com o exército.

Mais recentemente, o mesmo Shlomo Karhi pediu que o governo fechasse a Al Jazeera, a estação qatari responsável pela maior cobertura sobre Médio Oriente no mundo, mas o governo recusou devido ao papel do Qatar nas negociações do cessar-fogo.

Os bombardeamentos e ataques israelitas na Faixa de Gaza já provocaram a morte de mais de 50 jornalistas, a maioria palestinianos, segundo dados do Comité para a Proteção de Jornalistas. A organização não-governamental Reporters Without Borders considerou que o "jornalismo está a ser erradicado na Faixa de Gaza devido à recusa de Israel em ouvir pedidos de ajuda para proteger profissionais de média".

Leia Também: Ministro israelita sugere pena de morte para resistentes palestinianos

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