"Aderimos à trégua declarada em Gaza com a condição de Israel não atacar o sul do Líbano", disse uma porta-voz do grupo em declarações ao jornal libanês L'Orient-Le Jour.
"Se isso acontecer, certamente não ficaremos de braços cruzados", ameaçou o porta-voz.
As autoridades israelitas não comentaram ainda estas declarações.
De acordo com informações recolhidas pela agência de notícias estatal libanesa (NNA), a zona sul do país tem atravessado um período de calma nas últimas horas, coincidindo com a entrada em vigor, às 07:00, no horário local (05:00 em Lisboa) (hora local), da trégua acordada entre Israel e o Hamas, nomeadamente estabelecida para a troca de reféns e para a ajuda humanitária.
O comandante da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), o espanhol Aroldo Lázaro, manifestou preocupação com a "intensificação das trocas de tiros na Linha Azul" durante as últimas semanas, lamentando que os confrontos tenham causado "demasiadas mortes, danos significativos e por colocarem em perigo a subsistência" da população.
"Como pacificadores, pedimos aos responsáveis pelas trocas de tiros na Linha Azul - demarcação da fronteira entre Israel e Líbano estabelecida em 2000 pela ONU - que parem este ciclo de violência. Qualquer nova escalada no sul do Líbano poderá ter consequências devastadoras", disse Lázaro num comunicado.
Assim, o responsável da UNIFIL apelou às partes para "reafirmarem o seu compromisso com a resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU e a cessação das hostilidades, procurando ao mesmo tempo soluções a longo prazo para abordar as causas subjacentes do conflito".
O vice-presidente do conselho executivo do Hezbollah, xeque Ali Damush, afirmou hoje que "o inimigo sionista só aceitou a trégua até ter falhado na sua tentativa de quebrar a resistência, quebrar a vontade do povo de Gaza e de os expulsar da sua terra".
"Também não o conseguirão se renovarem a agressão, pois a resistência é firme, capaz e preparada para o confronto, não importa quanto tempo dure", sublinhou Damush.
"É verdade que os israelitas mataram mais de 14 mil civis, feriram dezenas de milhares de habitantes de Gaza e destruíram grandes partes da Faixa, mas não foram capazes de matar o espírito de resistência entre o povo de Gaza", argumentou o responsável do Hezbollah.
Sublinhou ainda que "o resultado da resistência e da paciência significará uma vitória no final".
Damush também acusou Israel de lançar "uma guerra da maior brutalidade" contra a Faixa de Gaza e de usar "as armas mais letais e destrutivas, incluindo armas proibidas internacionalmente".
"Depois de mais de um mês e meio de bombardeamentos destrutivos e massacres em massa, não conseguiu atingir sequer um dos objetivos declarados. Não conseguiu esmagar a resistência, não conseguiu libertar os prisioneiros sionistas - referindo-se aos reféns israelitas - e não foi capaz de proteger os seus colonatos", observou Damush.
Desta forma, o responsável do Hezbollah insistiu que Israel "foi forçado" a negociar uma trégua, embora inicialmente a tenha rejeitado, considerando que os israelitas "negociaram contra a sua vontade".
"A resistência foi quem acabou por impor a sua vontade e mostrou que os prisioneiros sionistas não seriam libertados sem negociações indiretas e uma troca, por isso a resistência obteve uma conquista importante nesta ronda de combates", concluiu Damush.
O Hezbollah, grupo apoiado pelas autoridades iranianas, está envolvido em combates com o exército israelita na sequência dos ataques levados a cabo pelo Hamas em 07 de outubro em Israel.
A situação está a suscitar receios de uma expansão do conflito para o Líbano ou para toda a região.
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