Seis adolescentes começam a ser ouvidos esta segunda-feira num tribunal de Paris, em França, num caso que resultou na morte de Samuel Paty, um professor.
O caso remonta a 2020, ano em que o professor de História mostrou, durante uma aula, caricaturas de Maomé – o que levou a que alguns encarregados de educação não ficassem felizes com esta aula, na qual estava a ser abordada a liberdade de expressão.
De acordo com a Reuters, uma das menores terá contado aos pais que as imagens foram levadas para a aula pelo professor. A jovem, de 15 anos, é acusada de falsas acusações, uma vez que não se encontrava sequer na aula. A exibição destas imagens seriam um “ponto de partida” para o debate acerca da liberdade de expressão.
Antes de mostrar as caricaturas, o docente avisou que o ia fazer e indicou que os muçulmanos que não quisessem assistir poderiam não o fazer.
Depois da aula, o pai de um rapaz de 13 anos que assistiu à aula publicou nas redes sociais um vídeo onde garantia que o docente "mostrou a fotografia de um homem nu" e que disse que se tratava de "um profeta muçulmano". Esse pai associou-se a outros num coletivo para pedir a demissão do docente.
As imagens exibidas terão sido as que motivaram o ataque à redação do jornal satírico Charlie Hebdo, em 2015.
Os outros cinco menores vão ser acusados por conspiração premeditada ou emboscada.
Os adolescentes são suspeitos de ter denunciado Paty ao homem que acabou por cometer o crime, um refugiado checheno radicalizado de 18 anos, morto pouco depois pela polícia. Os menores terão sido responsáveis por vigiar os movimentos do professor após este sair da escola.
Samuel Paty chegou a ir à esquadra depois de ter sido feita uma queixa contra si. Defendeu que não compreendia as críticas e que o filho do pai que avançava com a queixa nem sequer esteve na sala de aula.
O professor morava perto da escola e costumava ir para casa por uma caminho que atravessava uma mata, mas tinha mudado o percurso recentemente, para ir pelo meio do bairro, porque se sentia ameaçado.
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