Procuradora-geral do Peru acusa Boluarte pelas mortes nos protestos

A procuradora-geral do Peru, Patricia Benavides, divulgou hoje que acusou no Congresso a Presidente Dina Boluarte e o primeiro-ministro, Alberto Otárola, por quatro mortes nos protestos antigovernamentais, ao mesmo tempo que é investigada por alegada associação criminosa.

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Lusa
28/11/2023 06:37 ‧ 28/11/2023 por Lusa

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"Informo que apresentei uma queixa constitucional perante o Congresso da República contra os cidadãos Dina Boluarte e Luis Alberto Otárola", realçou, num comunicado no qual garantiu que a investigação aberta contra si destina-se a intimidá-la para que não continue a sua "luta contra a impunidade".

A denúncia envolve também os três ex-ministros do Interior que ocuparam a pasta durante a onda de protestos, César Cervanes, Víctor Rojas e Vicente Romero.

Estas cinco figuras foram acusadas pela alegada prática do crime de homicídio qualificado, noticiou a agência Efe.

A equipa especial de procuradores contra a corrupção de poder (Eficcop) lançou hoje a operação "Valquiria V", que acusa Benavides de ser a líder de uma rede criminosa de tráfico de influência.

No âmbito desta operação, foi detido o até agora gestor central do Ministério Público, Jaime Villanueva.

Os procuradores que compõem a equipa especial anticorrupção revoltaram-se hoje contra a procuradora-geral, depois de esta ter destituído a coordenadora deste grupo, Marita Barreto.

A decisão da procuradora-geral foi tomada depois da equipa especial ter aberto, em conjunto com a polícia, uma investigação sobre a responsável máxima do Ministério Público.

"Sob a autonomia e independência do Ministério Público, apoiamos e ratificamos as ações lideradas pela Dra. Marita Sonia Barreto Rivera", destacaram os procuradores, em comunicado.

Benavides afirmou, no seu comunicado, que esta investigação é "um ataque premeditado" por parte daqueles que se opõem ao seu trabalho.

"Esta manhã, o Ministério Público foi alvo de um ataque premeditado por parte daqueles que se opõem ao trabalho que a lei nos confia: o combate à impunidade e à corrupção orquestrada nas mais altas esferas do poder", frisou Benavides.

A procuradora indicou que a instituição que dirige é responsável por casos de máxima relevância com pessoas que vão tentar utilizar o seu poder para "obstruir a justiça".

"As últimas horas são uma manifestação daqueles que não querem ser investigados e ainda têm capacidade para exercer represálias contra a instituição que represento. Com este ato desastrado que procura desestabilizar a independência e autonomia do Ministério Público, utilizando para um propósito tão desprezível, o mecanismo usado por alguns procuradores", sublinhou ainda.

Patricia Benavides anunciou também que continuará a investigar altos responsáveis pelas "trágicas mortes ocorridas entre dezembro de 2022 e março de 2023" nos protestos, bem como outros "casos emblemáticos".

Em 24 de outubro, o Ministério Público prorrogou por mais oito meses a investigação das mortes nos protestos.

Nesse caso, Boluarte foi prestar depoimento ao Ministério Público no dia 27 de setembro, quando ratificou as explicações que já deu em junho sobre as dezenas de mortes ocorridas durante as manifestações antigovernamentais que ocorreram de dezembro a março no Peru, pedindo que a investigação contra si fosse arquivada.

A Presidente foi intimada no âmbito da investigação preliminar aberta contra ela e outras altas autoridades do seu governo pela alegada prática dos crimes de genocídio, homicídio qualificado e abuso de autoridade, após a morte de 77 pessoas nas mobilizações, 49 destas em confrontos diretos com as forças de segurança.

Leia Também: Um morto e 28 feridos em acidente com autocarro turístico no Peru

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