Timmermans rejeitou qualquer apoio da esquerda (Partido Trabalhista e Os Verdes) a um eventual governo que inclua Wilders, durante as reuniões sobre formação de governo, iniciadas hoje pelo social-democrata Ronald Plasterk com os líderes partidários.
"Isso é impossível, não pode ser feito", disse Timmermans após a reunião com Plasterk, explicando que o PvdA-GL não pode governar com um partido que "não respeita a Constituição" e "exclui grandes grupos de pessoas" nos Países Baixos.
Wilders pediu a Plasterk para sondar uma possível coligação entre o partido de extrema-direita PVV, o Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD, liberal), os democratas-cristãos (NSC) e o partido dos agricultores (BBB).
O PVV afirmou pretender a "desislamização" do país, o fim da imigração e do asilo e um referendo sobre a adesão dos Países Baixos à União Europeia ('Nexit'), embora Wilders tenha prometido moderar o seu discurso e adiar temporariamente as questões mais polémicas e sensíveis.
"Quem quiser guardar uma coisa no frigorífico é porque tenciona retirá-la fresca mais tarde", disse Timmermans.
Wilders garantiu hoje não ter a intenção de "deportar ninguém" dos Países Baixos, caso se forme o futuro governo.
"Estou do lado de todos os neerlandeses. Ninguém deveria duvidar disso. Não vamos deportar ninguém. Estamos aqui para todos: cristãos, muçulmanos, não crentes. Não há razão para duvidar disso", afirmou.
Timmermans não quis comentar sobre uma possível cooperação entre partidos com os quais formaria um governo de coligação, por achar "extremamente improvável" que essa possibilidade ainda possa existir.
O líder de esquerda afirmou ainda que irá procurar ganhar as próximas eleições com uma "esquerda unida", embora também tenha prometido uma "forte oposição" a um eventual governo de extrema-direita.
O partido de esquerda de Timmermans, PvdA-GL, obteve 25 dos 150 assentos do parlamento holandês, ficando apenas atrás do PVV de Wilders, que obteve 37 assentos, e à frente dos liberais de direita (VVD), de Mark Rutte, que perderam dez assentos, ficando com 24.
A líder do VVD, Dilan Yesilgöz, quer apoiar a formação de um governo de "centro-direita" entre o PVV, o NSC democrata-cristão e o partido dos agricultores BBB.
"Estamos dispostos a negociar o assunto", afirmou, mas o apoio seria dado "a partir do Parlamento", disse hoje, numa posição não consensual no partido.
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