"Acho que os líderes chineses neste momento estão sobrecarregados com os seus desafios internos", destacou Tsai Ing-Wen, numa entrevista transmitida hoje na conferência DealBook Summit, em Nova Iorque.
"Acho que talvez agora não seja o momento para eles considerarem uma grande invasão de Taiwan", acrescentou.
A transmissão da entrevista ocorre duas semanas depois do encontro entre os presidentes norte-americano e chinês em São Francisco, à margem da cimeira dos países da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (Apec).
A discussão entre Joe Biden e Xi Jinping teve como objetivo, em particular, aliviar a tensão entre as duas potências mundiais e evitar qualquer espiral de conflito.
Mas os dois líderes continuam em polos opostos na questão de Taiwan, território apoiado por Washington, com o Presidente chinês a dizer a Joe Biden que uma reunificação da ilha autónoma é inevitável.
A China considera Taiwan como uma província que ainda não conseguiu reunificar com o resto do seu território, desde o fim da guerra civil em 1949.
Para a líder de Taiwan, a China enfrenta, no entanto, turbulências económicas, financeiras e políticas, que afasta o cenário de uma invasão.
Mas Pequim ainda tenta interferir nas eleições presidenciais de janeiro em Taiwan, alertou Tsai Ing-Wen.
"Todas as eleições importantes em Taiwan desde 1996 testemunharam operações de influência semelhantes por parte da China", realçou a governante, apontando para o uso de ameaças militares e pressão económica.
As eleições presidenciais de Taiwan estão a ser observadas de perto em Pequim e Washington, porque o seu resultado poderá determinar o futuro das relações entre a ilha e a China.
Taiwan é uma importante figura na produção de semicondutores, componentes essenciais para a economia global.
Questionada sobre uma possível perda de importância de Taiwan aos olhos de Washington, com as tentativas dos Estados Unidos de deslocalizar a sua produção de semicondutores, Tsai Ing-Wen respondeu que a indústria taiwanesa não pode ser suplantada neste domínio.
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