Os líderes religiosos participaram, por vídeo, na inauguração do Pavilhão da Fé na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), o primeiro deste tipo numa conferência da ONU sobre o clima.
Na sua mensagem, citada pela agência Efe, o Papa sublinhou que este evento atesta "a vontade de trabalhar em conjunto" e que o mundo precisa de "alianças que não sejam contra ninguém, mas a favor de todos" e pediu às religiões que deem o exemplo, trabalhando em conjunto para os interesses globais, entre os quais os dois mais importantes são agora a paz e o clima.
"Como representantes religiosos, temos de dar o exemplo para mostrar que a mudança é possível, para manifestar estilos de vida respeitosos e sustentáveis", disse o Papa, apelando aos líderes das nações para que garantam "que a nossa casa comum seja preservada".
Num discurso lido mais tarde pelo seu secretário de Estado, Pietro Parolin, o sumo pontífice apelou para a oposição "ao delírio de omnipotência voraz que está a devastar o planeta" e advertiu que "quando o homem se considera senhor do mundo, objetifica-se e destrói até aquilo que lhe permite viver".
Francisco salientou ainda que é urgente atuar a favor do ambiente e sublinhou que para isso é necessário não só dinheiro, mas também uma mudança no modo de viver, que passa pela educação.
As guerras e os conflitos, garantiu, prejudicam o ambiente e dividem as nações, impedindo um empenhamento comum na salvaguarda do planeta, disse o Papa, acrescentando que uma casa só é habitável "para todos" se nela se estabelecer um clima de paz.
Por seu lado, Ahmed al-Tayyeb, uma referência do Islão sunita, considerou que o Pavilhão da Fé na COP28, que decorre até 12 de dezembro no Dubai, oferece a possibilidade de "intensificar os esforços para proteger o ambiente comum da destruição iminente, que se aproxima ano após ano".
Na lógica islâmica, explicou, "os seres humanos são responsáveis pelo ambiente, tal como são responsáveis por si próprios e pelos seus semelhantes", acrescentando que Alá avisou que, se prejudicarem o planeta, "sofrerão doenças, calamidades e desastres de intensidade proporcional à corrupção infligida".
O imã exprimiu a sua indignação perante "o horror da implacável máquina de matar terrorista, manejada pelos impiedosos contra os cidadãos inocentes do mundo, que inclui homens, mulheres, crianças, bebés e mesmo os que ainda não nasceram".
"Estou igualmente preocupado com os atos de violência, sabotagem e destruição que se verificam na terra ocupada da Palestina", disse Ahmad al-Tayyeb, que implorou ao mundo que pusesse fim a "estas guerras atrozes e criminosas", porque se persistirem "não teremos um ambiente viável nem um clima habitável para os nossos filhos, nem teremos um ambiente viável e um clima habitável para os nossos filhos ou as gerações futuras".
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