UE e China voltam a reunir-se ao mais alto nível para discutir relação

A União Europeia (UE) e a China reúnem-se hoje e sexta-feira para a primeira cimeira presencial em três anos, na qual Bruxelas vai pedir uma relação comercial mais equilibrada e maior influência junto da Rússia para sair da Ucrânia.

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Lusa
07/12/2023 06:19 ‧ 07/12/2023 por Lusa

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A atual situação no Médio Oriente também consta das prioridades da UE para o encontro, em particular um reforço da ajuda humanitária à Palestina, na sequência do conflito em Gaza entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.

Esta é a primeira reunião de alto nível presencial desde 2019 e servirá, principalmente, para abordar a relação entre a UE e a China.

Depois de a UE ter aprendido com a pandemia de covid-19, dada a dependência chinesa em vários setores verificada nessa altura, Bruxelas vai no encontro confrontar Pequim com questões como o elevado défice comercial entre ambos os blocos, que ascende hoje a cerca de 400 mil milhões de euros.

Um dos principais objetivos deste encontro de alto nível é, então, pedir "uma relação comercial mais equilibrada", disseram fontes europeias na antevisão desta cimeira UE-China, que decorre até sexta-feira em Pequim.

Outras fontes europeias realçaram que o atual desequilíbrio entre os dois blocos -- por questões como barreiras chinesas às empresas europeias, apoios públicos chineses às empresas nacionais e discrepâncias nas exportações -- é visto com "muita preocupação" pelo lado europeu, situação que Bruxelas quer alterar.

Em 2022, as trocas comerciais europeias com a China foram marcadas por um défice comercial de cerca de 396 mil milhões de euros, um máximo de pelo menos 10 anos, dadas as importações comunitárias de 626 mil milhões de euros e as exportações para o bloco chinês de 230 mil milhões.

Outro dos objetivos desta cimeira UE-China, na visão do bloco comunitário, é "diversificar a cadeia de abastecimento e reduzir os riscos", de acordo com as fontes europeias, quando se verifica dependência europeia em componentes como semicondutores ou matérias-primas críticas, cuja escassez durante a pandemia provocaram ruturas de 'stock' na União.

Além disso, as atuais guerras na Ucrânia, causada pela invasão russa, e no Médio Oriente, entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, estarão igualmente em cima da mesa.

A UE vai, desde logo, pedir que a China "use a sua influência sobre a Rússia para parar a guerra e que evite ajudar a Rússia na evasão às sanções" europeias.

No que toca ao conflito no Médio Oriente, "será uma oportunidade para encorajar os nossos parceiros chineses a enviar ajuda humanitária para a Palestina", dados os bombardeamentos israelitas em Gaza, adiantaram as fontes europeias.

Na terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a cimeira entre a UE e a China será feita "de escolhas", avisando que Bruxelas "não tolerará" mais desequilíbrios nas relações comerciais e económicas.

Ursula von der Leyen vai, juntamente com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, representar o bloco europeu nesta cimeira.

Previstos estão encontros destes altos funcionários da UE, à margem da cimeira, com o Presidente chinês, Xi Jinping, e com o primeiro-ministro, Li Qiang, em duas sessões separadas.

Na terça-feira, o Governo chinês disse esperar que esta cimeira possibilite "esforços conjuntos para o desenvolvimento saudável e estável das relações".

Nesse dia, e nas vésperas da cimeira, o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, apelou aos embaixadores dos países da UE para darem prioridade ao "diálogo", em vez da "confrontação".

Durante uma reunião em Pequim, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês sublinhou a importância da cooperação entre a China e UE e apelou às duas partes para que "escolham o diálogo e a cooperação para evitar o confronto entre blocos, uma nova Guerra Fria e obstáculos para o desenvolvimento e prosperidade globais".

"Se a China e a Europa escolherem o diálogo e a cooperação não surgirá a confrontação entre blocos; se escolherem a paz e a estabilidade, não acontecerá uma nova Guerra Fria; se escolherem a abertura e a cooperação vantajosa para ambas as partes, haverá esperança para o desenvolvimento e a prosperidade globais", afirmou Wang na mesma ocasião.

Leia Também: Bruxelas quer equidade no setor dos elétricos perante apoios chineses

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