Candidatos da oposição impedidos de concorrer às eleições no Zimbabué

Quase todos os candidatos da oposição às eleições parciais legislativas de sábado no Zimbabué foram hoje proibidos pelos tribunais de concorrer, o que poderá abrir caminho a uma maioria de dois terços para o partido no poder.

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Lusa
07/12/2023 17:47 ‧ 07/12/2023 por Lusa

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Zimbabué

Numa decisão comunicada à AFP, um tribunal de Harare ordenou que oito dos nove representantes do principal partido da oposição, a Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC, na sigla em inglês), "não sejam candidatos nas eleições legislativas marcadas para 09 de dezembro" e que os seus nomes não sejam "incluídos nos boletins de voto".

A decisão surge num contexto de tensão política, com a oposição a denunciar regularmente a repressão violenta por parte do Governo, através de detenções abusivas de opositores e raptos acompanhados de atos de tortura.

O CCC já reagiu, afirmando que vai recorrer da decisão judicial, anunciada dois dias antes das eleições: "Os tribunais do Zimbabué deixaram de ser um árbitro justo e neutro", criticou o porta-voz do partido, Promise Mkwananzi.

O Zimbabué realizou eleições gerais em agosto, que resultaram na reeleição do Presidente Emmerson Mnangagwa, de 81 anos, e na atribuição de 177 dos 280 lugares no parlamento ao seu partido, a União Nacional Africana do Zimbabuée - Frente Patrióticao (Zanu-PF, na sigla em inglês), que está no poder desde a independência em 1980.

Em outubro, 14 deputados do CCC perderam os seus lugares depois de uma manobra bem sucedida de um homem descrito pelo maior partido da oposição como um "impostor" ter levado à convocação de eleições parciais em nove círculos eleitorais, a realizar neste sábado.

Sengezo Tshabangu, que se autodenominava "secretário-geral interino" do CCC, declarou numa carta dirigida ao Parlamento que os deputados em questão tinham abandonado o partido.

O líder do CCC, Nelson Chamisa, pediu ao presidente do parlamento que ignorasse a carta, afirmando que o partido não tinha secretário-geral e que não tinha expulsado nem destituído nenhum deputado.

No entanto, o parlamento declarou os lugares vagos à comissão eleitoral.

O mesmo Sengezo Tshabangu tinha recorrido ao tribunal para exigir que os deputados destituídos não fossem autorizados a recandidatar-se nas eleições parciais de sábado.

Contactado pela AFP, o presidente da comissão eleitoral, Rodney Kiwa, disse que a comissão teria de "cumprir" a última decisão do tribunal.

A Zanu-PF só precisa de mais 10 lugares para obter uma maioria de dois terços no parlamento e poder alterar livremente a Constituição.

Leia Também: África do Sul intercetou autocarros com mais de 400 crianças do Zimbabué

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