Entre as medidas anunciadas estão requisitos mais rigorosos de proficiência na língua inglesa, destinadas a dificultar a entrada no país de estudantes estrangeiros e pessoas com baixas qualificações.
Cerca de meio milhão de imigrantes temporários entraram na Austrália no ano passado, um aumento substancial após anos de encerramento de fronteiras devido à pandemia da Covid-19.
O governo australiano estimou que estas reformas, bem como as tendências de curto prazo, vão permitir reduzir o número de imigrantes para metade em 2024-2025.
"Vamos garantir que recuperaremos o controlo desses números", disse a ministra do Interior, Clare O'Neil, descrevendo partes de uma estratégia com cerca de 100 páginas, consultada pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Apesar da taxa de desemprego estar a níveis perto de mínimos históricos (3,7% em outubro), a opinião pública na Austrália está descontente com o aumento dos preços, incluindo no mercado imobiliário.
As rendas em algumas áreas de Sydney e Melbourne aumentaram cerca de 25% no ano passado, algo que tem sido associado ao regresso dos imigrantes, nomeadamente pelo 'think tank' independente Instituto Grattan, que este mês apelou para a reforma do regime de imigração.
Clare O'Neil sublinhou que a imigração é essencial para a prosperidade da Austrália, descrevendo os trabalhadores estrangeiros como aqueles que tornaram o país grande.
Ainda assim, a ministra reconheceu o crescente descontentamento público e prometeu "construir um sistema mais bem planeado em torno de questões essenciais como a habitação".
No domingo, o Governo da Austrália anunciou que ia impor um aumento dramático nos impostos cobrados aos estrangeiros que invistam na compra de casas no país e as deixem vazias.
O executivo trabalhista está de olho nos números da oposição conservadora nas sondagens antes das eleições previstas para 2025, disse à AFP Rachel Stevens, especialista em história da imigração na Universidade Católica Australiana.
"É realmente perigoso e bastante imprudente colocar tudo nas costas dos imigrantes", acrescentou.
O líder da oposição conservadora, Peter Dutton, acusou o governo de ter uma "grande agenda de imigração".
"As nossas cidades estão lotadas, as estradas estão congestionadas, a infraestrutura não consegue acompanhar", disse, no início do mês, sugerindo a redução do número de imigrantes.
Também hoje, o novo primeiro-ministro da Nova Zelândia, Christopher Luxon, anunciou alterações na estratégia de imigração do país, qualificando como "insustentável o atual número" de chegadas de imigrantes.
De acordo com dados oficiais, entre setembro de 2022 e outubro deste ano, 118.800 imigrantes chegaram ao país, que tem 5,3 milhões de habitantes.
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