Num discurso feito no parlamento polaco - depois de a câmara baixa o ter elegido na segunda-feira como novo primeiro-ministro do país -, Donald Tusk garantiu que irá exigir, "em alto e bom som, uma mobilização total do mundo livre, do Ocidente, a favor da Ucrânia nesta guerra".

O novo primeiro-ministro, que lidera uma aliança pró-europeia, admitiu que lhe custa ver o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, continuar a tentar persuadir os decisores mundiais sobre a necessidade de manter o apoio à luta de Kiev contra a agressão russa.

Segundo Turk, essa será uma prioridade do seu Governo, até porque considera ser do interesse de todo o mundo livre.

"Já não consigo ouvir alguns políticos europeus dizerem que estão cansados da situação na Ucrânia. Dizem na cara do Presidente Zelensky que não têm mais forças, que estão exaustos", afirmou, reiterando a sua "total determinação" em convencer toda a comunidade ocidental a ajudar a Ucrânia.

"Farei isso desde o primeiro dia", assegurou.

Donald Tusk adiantou ainda ao parlamento que está prestes a resolver o conflito na fronteira com a Ucrânia, bloqueada por camionistas polacos desde o início de novembro em protesto contra os camionistas ucranianos, cuja concorrência consideram "desleal".

As empresas de transportes polacas bloquearam os quatro postos fronteiriços entre os dois países, não deixando passar veículos pesados de mercadorias, e têm exigido o restabelecimento de um sistema europeu de licenças para as empresas de transportes ucranianas que enviam camiões para a Polónia.

O bloqueio criou filas intermináveis na fronteira e representa um grande problema económico para Kiev, que depende fortemente da estrada para as suas exportações e importações de mercadorias.

"Já encontrámos soluções para responder o mais rapidamente possível às necessidades dos transportadores polacos e desbloquear a fronteira", declarou Tusk, acusando o Governo anterior de "ter abandonado" os camionistas.

Na segunda-feira, a Ucrânia anunciou ter sido desbloqueado o maior posto passagem de camiões, mas outros três continuam fechados.

Na sequência do anúncio, o Presidente ucraniano felicitou Donald Tusk como novo primeiro-ministro da Polónia, retomando as relações com o país vizinho, que tinham sido cortadas em setembro devido às restrições de Varsóvia às exportações agrícolas ucranianas.

Zelensky, que agradeceu todo o apoio dado durante a guerra, declarou que "o futuro da Ucrânia e da Polónia reside na unidade, na assistência mútua e na cooperação estratégica para derrotar o inimigo comum", referindo-se à Rússia.

O novo primeiro-ministro polaco prometeu ainda devolver o país "à posição onde deveria estar" no quadro europeu, o que na sua opinião significa acabar com "o isolamento" a que foi relegado durante os anos de mandato do partido Lei e Justiça (PiS).

Tusk, que já foi presidente do Conselho Europeu, quer que a Polónia tenha acesso aos fundos europeus que permanecem bloqueados devido a dúvidas de Bruxelas sobre questões fundamentais, como se a Polónia se mantinha um Estado de direito.

O novo primeiro-ministro, que espera que o Governo possa tomar posse na quarta-feira, anunciou querer estar presente na quinta-feira, na sua primeira reunião de chefes de Estado e de Governo dos Vinte e Sete.

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