Aya Majzoub, diretora regional adjunta da AI para o Médio Oriente e o Norte de África, denunciou o julgamento, que considerou "uma demonstração espantosa de desprezo pelos direitos humanos por parte das autoridades dos Emirados", em comunicado.
A diretora criticou também o facto de este julgamento estar a decorrer durante aquela que foi anunciada como "a COP mais inclusiva da história".
Entre os 80 arguidos estão vítimas de julgamentos em massa anteriores, como Mohamed al-Siddiq, pai da falecida ativista Alaa al-Siddiq; prisioneiros de consciência, como Khaled al-Nuaimi, Hadef al-Owais, Nasser bin Ghaith e Sultan al-Qasimi; e ainda defensores dos direitos humanos dos Emirados, como Ahmed Mansur e Mohamed al-Roken.
Alguns dos arguidos estão em prisão há mais de 10 anos e "isolados do mundo", disse Aya Majzoub.
Majzoub afirmou ainda que, em muitos casos, a única forma de comunicação acessível aos prisioneiros são "telefonemas monitorizados para pedir às famílias que arranjem um advogado".
A Amnistia acusou os Emirados Árabes Unidos de abafar as acusações, as sentenças e outros documentos oficiais relativos a processos por motivos políticas, e os meios de comunicação social estatais por esconderem o novo julgamento em massa.
Majzoub afirmou que o momento "parece ter sido deliberadamente planeado para enviar uma mensagem clara ao mundo de que não tolerará a mais pequena dissidência pacífica" e que as autoridades não irão implementar quaisquer medidas de mente aberta.
"A COP28 já expôs a repressão legalizada da dissidência nos Emirados Árabes Unidos", afirmou Aya Majzoub.
A diretora apontou, por fim, que não se realizaram protestos na conferência sobre o clima "porque os ativistas temem a imposição de leis que criminalizam as críticas ao governo".
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